"É frustrante não ter Cielo", diz técnico da natação do Brasil na Rio-2016
A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) apresentou na última quinta-feira (21) a equipe que representará o país nas Olimpíadas 2016, que serão realizadas no Rio de Janeiro. O nome mais falado no evento, contudo, não foi o de nenhum dos atletas que estavam no Parque Aquático Maria Lenk, na zona oeste do Rio de Janeiro. Ninguém teve mais menções do que Cesar Cielo, 29, o mais laureado da história da natação nacional, que não conseguiu classificação para os Jogos.
“É frustrante não ter o Cielo aqui depois das conquistas nas duas últimas Olimpíadas. É estranho. Mas faz parte do jogo, e ele fez o melhor para agora, para o que tinha para dar. Viramos uma página para a Rio-2016”, disse Alberto Sillva, o Albertinho, técnico da natação masculina do Brasil.
Cielo esteve em duas edições de Jogos Olímpicos e acumulou três pódios (ouro nos 50 m livre e bronze nos 100 m livre de Pequim-2008; bronze nos 50 m livre de Londres-2012). Além disso, foi tricampeão mundial dos 50 m livre e detém até hoje os recordes mundiais dos 50 m livre e dos 100 m livre.
Nas seletivas nacionais, porém, o nadador não conseguiu ter rendimento condizente com esse currículo. A primeira qualificação foi realizada em Palhoça (SC), em dezembro do ano passado, e Cielo abandonou a competição após ter sido apenas o 11º na prova eliminatória dos 100 m livre. Na segunda, no Estádio Aquático Olímpico, encerrou o processo de classificação com o terceiro tempo dos 50 m livre e o sétimo dos 100 m livre. O Brasil pode inscrever até dois atletas por prova individual da Rio-2016.
“É a regra do jogo e faz parte da transição. Se é que vai ter uma transição, é claro, porque ele tem talento e pode voltar para ajudar o Brasil quando estiver um pouco mais velho”, analisou Albertinho.
O desfecho frustrante nas seletivas corrobora um ciclo olímpico conturbado para Cielo. O nadador trocou seis vezes de treinador, alternou Brasil e Estados Unidos e testou diferentes modelos de comissão técnica. Em 2015, além de ter abandonado a qualificação de Palhoça, foi destronado por Bruno Fratus em âmbito nacional, abriu mão dos Jogos Pan-Americanos e alegou uma lesão no ombro para deixar antes do término o Mundial de esportes aquáticos de Kazan (Rússia).
“O que acontece é que o Cesar, além de ser talentoso, busca excelência e é superfocado. Ele não é um atleta eventual ou que vive só do talento. Por ser tão caxias, determinado e focado, ele fez escolhas. E quando escolheu, escolheu pessoas boas e competentes. O problema é que não deu certo. Às vezes você escolhe o melhor, mas não sai como você queria. Acho que hoje ele vai refletir e ver o quanto do que escolheu buscando o melhor prejudicou ou ajudou. Só quem pode julgar é ele”, ponderou o treinador da seleção.
O próprio Albertinho chegou a trabalhar diretamente com Cielo durante o ciclo olímpico. Ele era o diretor do Pro-2016, grupo criado pelo nadador para treinar sete atletas que tinham como foco os Jogos do Rio. Lançado em 2011, o projeto durou até dezembro do ano seguinte e foi desfeito quando o protagonista da equipe decidiu trabalhar pela primeira vez com o norte-americano Scott Goodrich, com quem retomou a parceria neste ano.
“Hoje eu estava pensando: a gente iniciou um projeto com o nome Rumo a 2016. Era agora. Ele era o idealizador desse projeto e estava pensando lá atrás em estar aqui e estar aqui bem. A gente faz escolhas. Ele fez as dele, e eu não critico. Ele se cercou de gente competente, com condições de tirar o melhor, mas algumas coisas ele vai poder responder e avaliar. Não acho que as escolhas foram erradas, mas não funcionaram”, encerrou Albertinho.