Olimpíadas 2016

Referência entre nadadores, Cielo terá de ser convencido a ir para Rio-2016

Fabio Aleixo e Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Bruno Fratus, 26, e Ítalo Duarte, 24, tinham acabado de conquistar as duas vagas do Brasil nos 50 m livre dos Jogos Olímpicos deste ano. No entanto, foi Cesar Cielo, 29, o primeiro a ser abordado pela imprensa ao deixar a piscina do Estádio Aquático Olímpico, no Parque Aquático da Barra da Tijuca. Enquanto o velocista falava, o público presente nas arquibancadas aplaudia e gritava o nome dele – e os dois vencedores da prova aumentavam o coro. Dono de três medalhas olímpicas e tricampeão mundial dos 50 m livre (Roma-2009, Xangai-2011 e Barcelona-2013), Cielo já disse que o resultado de quarta-feira (20) encerrou a possibilidade de disputar a Rio-2016. O status que ele tem até entre os atletas, porém, ainda abre a possibilidade de ele ser convencido do contrário.

Cielo disse na última quarta que não pretende participar dos Jogos Olímpicos deste ano e que pensa apenas em férias. Entretanto, por tudo que significa, é possível que seja convidado a fazer parte do revezamento 4x100 m livre ou apenas da delegação. As definições sobre isso acontecerão numa reunião de comissão técnica que a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) agendou para esta quinta-feira (21), e a entidade terá uma conversa posterior com o velocista.

“No momento, estão classificados os atletas que regularmente conseguiram seus tempos de forma natural. A gente vai precisar sentar, olhar e observar as coisas todas”, disse Ricardo de Moura, diretor-executivo da CBDA. “O Brasil hoje tem sua classificação dentro dos critérios apresentados. O Brasil hoje é este. Amanhã [quinta-feira] temos uma reunião, e aí algumas possibilidades podem ser discutidas”, completou.

O Brasil pode inscrever dois atletas por prova individual da Rio-2016. Cielo nadou os 50 m livre e os 100 m livre na última seletiva nacional e terminou, respectivamente, como terceiro e o sétimo tempo. Portanto, a chance de ele disputar os Jogos é ser inscrito no revezamento 4x100 m livre – o time já está classificado, mas os integrantes ainda não foram definidos.

Marcelo Chierighini, Nicolas Nilo Oliveira, João de Lucca e Matheus Santana, donos dos quatro melhores tempos dos 100 m livre, farão parte do revezamento – a CBDA vai anunciar no dia 23 de abril que eles estarão no time. A partir disso, a dúvida é a escolha dos reservas. A comissão técnica pretende levar cinco nadadores para a prova, e os índices à frente de Cielo são de Gabriel Silva Santos, 20, de Alan Vitória, 30.

Cielo pode passar à frente nessa lista porque ainda é o recordista mundial dos 100 m livre (46s90 em 2009), mas também pelo que representa. “[Eu escolheria] o Cesão, com certeza, mas é difícil, lógico. A gente colocaria ele porque na hora da pressão ele segura bem”, disse Thiago Pereira, um dos mais experientes na delegação da natação brasileira para a Rio-2016.

“É inevitável. Eu sou fã do Cesar. Ele conversou comigo quando eu estava começando a nadar profissionalmente e me deu muita força. É difícil. Dá uma sensação de perda”, ponderou Bruno Fratus, dono do melhor tempo dos 50 m livre. “O Cielo é um herói. Não tem como classificá-lo como menos. É um ídolo fora do padrão. Sem Cielo, a natação brasileira não seria o que é hoje. Ele é muito importante, e nem eu estaria aqui hoje se não fosse por ele”, concordou Ítalo Duarte, que ficou com a segunda vaga.

“Herói” e “ídolo” estão entre os dois adjetivos mais recorrentes quando outros nadadores brasileiros falam de Cielo. “É o maior nome da história da natação brasileira”, resumiu Ricardo de Moura.

A questão sobre Cielo, portanto, também passa por uma discussão sobre liderança e presença. O nadador tem estofo de grandes conquistas, e isso naturalmente pode ser um esteio para o restante da equipe.

“Neste momento existe muito impacto emocional. É um impacto num conjunto, do público, da expectativa, dos atletas, de todo mundo. É difícil falar disso, ainda mais por estar fresco. A história é recente. É difícil falar alguma coisa agora”, ponderou o diretor-executivo da CBDA. “Não tê-lo é sempre uma perda”, adicionou Marcos Vinícius Freire, superintendente executivo de esportes do COB (Comitê Olímpico do Brasil).

Cielo já esteve em duas edições de Jogos Olímpicos (Pequim-2008 e Londres-2012) e acumulou três pódios (ouro nos 50 m livre e bronze nos 100 m livre em Pequim-2008; bronze nos 50 m livre em Londres-2012).

Segundo o comitê organizador, a sessão que inclui a prova final dos 50 m livre esteve desde o início entre as que tiveram ingressos mais disputados dos Jogos Olímpicos.

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