Magro, focado e "leve": como Cielo chega à última chance de ir à Rio-2016
Esqueça o Cesar Cielo que teve uma temporada cheia de problemas em 2015. Aos 29 anos, o maior nome da natação brasileira vive um dos períodos de pressão mais intensa em sua carreira. Chegou ao Troféu Maria Lenk, última seletiva da natação brasileira para os Jogos Olímpicos de 2016, sem ter índice classificatório para a competição do Rio de Janeiro. Antes de entrar na água, no entanto, já deu sinais de que está diferente. Pessoas que tiveram contato direto com ele relataram ao UOL Esporte que o dono de três medalhas olímpicas tem chamado atenção pelo físico e pela postura.
Fisicamente, Cielo está mais magro. O nadador baixou consideravelmente o percentual de gordura deste o fim do ano passado, quando esteve na primeira seletiva brasileira para a natação dos Jogos Olímpicos. Naquela época, disputou apenas a eliminatória dos 100m livre, ficou fora da prova final e abandonou o torneio antes de sequer nadar os 50m livre, prova em que é especialista. Não houve um trabalho específico para perda de peso, mas a mudança corporal foi relatada por um profissional que trabalha diretamente com ele – números, contudo, são mantidos em sigilo.
A maior mudança que Cielo tem apresentado no Troféu Maria Lenk deste ano, porém, não é física. Pessoas que tiveram contato com ele nos últimos dias descreveram o nadador como "focado", mas "mais leve". Ele tem circulado entre a piscina de aquecimento do estádio aquático olímpico e a área de competição e tem mantido animadas conversas com algumas pessoas.
As conversas são significativas porque mostram uma mudança em relação ao Cielo de 2015. No ano passado, entre resultados conturbados e problemas físicos, o nadador vinha apresentando uma postura mais fechada e reclusa. Em Kazan, por exemplo, treinou longe da delegação brasileira durante a preparação aberta para o Mundial de esportes aquáticos. Em Palhoça (SC), na primeira seletiva olímpica, tinha um semblante bem menos leve do que o que ele tem mostrado nos últimos dias.
Tricampeão mundial dos 50m livre e dos 50m borboleta (Roma-2009, Xangai-2011 e Barcelona-2013) e dono de três medalhas olímpicas (ouro nos 50m livre e bronze nos 100m livre em 2008; bronze nos 50m livre em 2012), Cielo teve um ciclo extremamente atribulado para 2016. O nadador trocou seis vezes de técnico, oscilou entre Brasil e Estados Unidos, foi destronado por Bruno Fratus em âmbito nacional, abdicou dos Jogos Pan-Americanos do ano passado, deixou o Mundial de Kazan (Rússia) por causa de uma lesão no ombro e ainda abandonou a primeira seletiva antes de disputar sua principal prova.
Todo esse turbilhão fez de Cielo a maior interrogação da seletiva olímpica disputada agora no Estádio Aquático Olímpico, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Na semana passada, ele recebeu Ricardo de Moura, diretor-executivo da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), nos Estados Unidos. "Foi uma conversa tête-à-tête e foi muito boa”, relatou o dirigente.
Segundo um profissional que trabalha no COB (Comitê Olímpico do Brasil), a visita de Moura a Cielo foi importante para avaliar o comportamento do nadador. O atleta optou por se preparar nos Estados Unidos para o Maria Lenk e foi descrito como “muito focado no atual momento”.
Cielo disputará duas provas no Troféu Maria Lenk. Na segunda-feira (18), tentará índice olímpico nos 100m livre (a ideia do nadador é disputar apenas o revezamento 4x100m livre na Rio-2016). Na quarta (20), último dia da competição, ele voltará à piscina para os 50m livre. Portanto, são até quatro chances para a Rio-2016 (eliminatórias e finais, caso ele avance). O nadador precisa fazer abaixo de 22s27 nos 50m livre e de 48s99 nos 100m livre.