Vídeos

Teste da natação olímpica começa com críticas por calor e piscina sem teto

Gabriel Heusi/Brasil2016.gov.br
Vista de fora do Estádio Aquático com a piscina de aquecimento descoberta imagem: Gabriel Heusi/Brasil2016.gov.br

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Começou sob reclamações o Troféu Maria Lenk, que serve como evento-teste e última seletiva da natação do Brasil para os Jogos Olímpicos de 2016. A competição é realizada no Estádio Aquático Olímpico, que fica no Parque Olímpico da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, e as primeiras provas já serviram para mostrar que há problemas sobre ventilação no interior do aparato e falta de cobertura na piscina de aquecimento, que fica na área externa.

A questão da circulação de ar é uma briga antiga em torno do estádio aquático. A Fina (Federação internacional de esportes aquáticos) e a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) pressionaram os organizadores dos Jogos Olímpicos para instalação de ar condicionado na área de competição, mas essa opção foi vetada por contenção de custos. Em fevereiro, durante o evento-teste dos saltos ornamentais, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) foi questionado sobre esse assunto e admitiu custear um sistema de ventilação no espaço.

“A prefeitura disse que está fazendo um estudo, e a gente aguarda com bastante ansiedade, mas o prefeito disse que entende a importância disso. A gente aguarda com ansiedade”, disse Ricardo Prado, gerente de esportes aquáticos do Comitê Organizador Rio-2016.

Como o projeto ainda não está formatado, não existe estimativa de custo ou data para a instalação do sistema de ventilação. No entanto, esse foi o item mais questionado por todos no início do evento-teste.

“A única coisa para nós agora é ter certeza que haverá ventilação na área da piscina. Isso é importante para melhorar o ambiente. No nível da piscina nós estamos com medo sobre essa situação”, comentou Cornel Marculescu, diretor-geral da Fina.

Um dos principais motivos para o sistema de ar condicionado ter sido vetado é que a Rio-2016 será realizada em agosto, quando a expectativa é que a temperatura ambiente no Rio de Janeiro seja mais amena. Na manhã desta sexta-feira (15), primeiro dia da seletiva olímpica, os termômetros da cidade estavam na casa de 28ºC.

“Realmente vai ficar um ambiente mais quente, mas a gente vai ter de avaliar isso até o final. A gente já viu que a variação de temperatura em agosto cai bastante em relação ao que estamos sentindo agora. Essa sensação não vai ser tão grande e vai ser igual para todo mundo”, opinou Ricardo de Moura, diretor-executivo da CBDA.

Moura preferiu direcionar críticas para a piscina de aquecimento, que fica numa área externa do estádio aquático e não tem cobertura. O aparato receberá um teto provisório para os Jogos Olímpicos. “Do jeito que está nós estamos sujeitos a variações do tempo, e isso a gente não pode ter”, completou o dirigente.

O calor na área de competição e a piscina descoberta também foram os itens mais criticados por atletas. “A estrutura é muito boa. O ambiente está muito parecido com as duas Olimpíadas em que eu estive. Só a aclimatação que deixa um pouco a desejar. Está bem quente e falta a cobertura lá fora”, criticou Daynara de Paula, que fez 59s01 nos 100m borboleta e ficou perto de obter índice olímpico (precisava ter nadado a prova em 58s74).

“Acho que a piscina é boa. O estádio não é muito grande, mas vai ser legal para as pessoas que estiverem aqui nos Jogos Olímpicos. O ambiente vai ser legal. Acho que algo que poderia ser melhor a piscina de aquecimento. É no sol e não poderia ser no sol”, corroborou a tcheca Barbora Závadová, que nadou os 400m medley.

Inaugurado no dia 8 de abril, em evento que contou com a presença da presidente Dilma Rousseff, o estádio aquático olímpico foi alvo de polêmicas desde a concepção. A Fina criticou o projeto, que tem quatro grandes pilastras nas extremidades e conta com um número muito grande de pontos cegos. A despeito de comportar 18 mil pessoas, a arena terá menos de 13 mil ingressos disponíveis para os Jogos Olímpicos.

Em fevereiro, a Fina chegou a cogitar não realizar a seletiva olímpica no estádio aquático. “Estamos realistas. Tenho de reconhecer que houve progresso. Não esperávamos que estivesse pronto, mas a competição está aqui. Havia um plano B de ir ao [parque aquático] Maria Lenk e não foi necessário. Temos de trabalhar muito ainda, é verdade, mas temos tempo para isso”, explicou Cornel Marculescu.

Todos os eventos-teste da Rio-2016 têm sido realizados com arenas ainda não concluídas. O estádio aquático, por exemplo, ainda precisa de últimos ajustes em obras e decoração. Além disso, aspectos como o placar eletrônico, a iluminação e as áreas operacionais sofrerão ajustes até os Jogos.

Topo