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Com obra na Justiça e sem limpeza prometida, Rio-2016 abre Marina da Glória

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Marina da Glória terá polo gastronômico e lojas náuticas depois das Olimpíadas deste ano imagem: AFP PHOTO / VANDERLEI ALMEIDA

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

A prefeitura do Rio de Janeiro apresentou nesta quinta-feira (07) a nova estrutura da Marina da Glória, que servirá como base para as competições de vela nos Jogos Olímpicos de 2016. A conclusão da intervenção no espaço, contudo, não encerrou as polêmicas sobre o aparato. A obra estimada em R$ 70 milhões, bancada pela iniciativa privada, não conseguiu concluir o plano de limpeza da água da Baía de Guanabara e enfrenta problemas judiciais.

A questão nos tribunais é justamente a cessão do espaço à BR Marinas, responsável pelo custeio da reforma. Em fevereiro, a Justiça alegou irregularidades na licitação e devolveu a gestão do aparato à prefeitura do Rio de Janeiro.

A BR Marinas conseguiu a concessão do espaço quando comprou a MGX, empresa de Eike Batista que havia vencido licitação para gerir a Marina da Glória. A decisão em segunda instância questionou esse processo e entendeu que deveria ter acontecido novo processo de escolha.

Também existe uma questão sobre a finalidade da Marina da Glória, que terá um polo gastronômico e um espaço para festas e eventos. Inicialmente, a ideia era que o esporte fosse o destino primordial do equipamento. Prefeitura e BR Marinas recorreram, e o processo agora vai para o Superior Tribunal de Justiça.

“O contrato é legítimo e é legal, mas o papel da Justiça é esse. As pessoas no Brasil não entendem que o interesse não quer dizer que exista algo ilegal. É preciso que as pessoas olhem”, disse Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, em entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira.

A discussão em torno do contrato de concessão, porém, é apenas uma das polêmicas em torno da Marina da Glória. Outra é o malfadado plano de despoluição do espaço. Em 2009, quando conseguiu o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016, o Rio de Janeiro prometeu limpar pelo menos 80% das águas da Baía de Guanabara.

“Não quero dizer que é uma oportunidade perdida porque se fez muita coisa. Conseguimos sair de 20% de esgoto tratado para 60% – era para chegar a 80%. O que a gente pode colaborar é nisso: ao abrir, colocar mais uma orla e tirar a Perimetral, a prefeitura colocou a população olhando para a Baía de Guanabara. Isso significa que nós, governo, vamos apanhar muito se houver lixo ou esgoto”, completou Paes.

A CBVela (Confederação Brasileira de Vela) e a Federação de Vela do Rio de Janeiro terão salas na nova estrutura da Marina da Glória e poderão usar o equipamento para eventos. No entanto, não participarão da gestão.

A vela nacional usa o Iate Clube do Rio de Janeiro e o Clube Naval Charitas quando treina ou faz competições na cidade. “O Rio de Janeiro tem uma infraestrutura para treinamento que já é fantástica, e a confederação gastar recurso para um terceiro lugar de treinamento no Rio de Janeiro não faria sentido”, explicou Marco Aurélio Ribeiro, presidente da CBVela.

“A parte esportiva está concluída, mas a última coisa que precisa ser cumprida é uma saída de esgoto aqui [o governo do Rio de Janeiro deve fechar o aparato no dia 15 de abril]. Isso não significa que a gente resgatou a Baía de Guanabara. O compromisso esportivo está cumprido, mas o compromisso com a população lamentavelmente a gente não cumpriu”, finalizou o dirigente.

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