Brasileiro diz que fim de treinos na garagem de casa o levaram a nº1
Em julho do ano passado, quando surpreendeu e ganhou a sua medalha de ouro na pistola de ar de 10m nos Jogos Pan-Americanos de Toronto (CAN), o atirador Felipe Wu treinava em um estande improvisado na garagem de sua casa em São Paulo sem as medidas oficiais e não estava nem entre os 50 melhores do ranking mundial da disciplina.
Pouco mais de oito meses depois, o atleta de 23 anos segue colecionando resultados relevantes - como o título da etapa da Copa do Mundo de Bangcoc em março - e virou o número 1 do mundo. E sua ascensão e melhora no rendimento, ele credita a um fato simples: passou a treinar em um local com condições adequadas e não precisa fazer mais sacrifícios quando está em São Paulo. Faz as suas práticas diárias no estande de tiro do clube Hebraica.
"Esta foi a principal e mais radical mudança que tive depois do Pan. A situação melhorou bastante. Treinar em um local com as dimensões oficiais foi muito importante para eu seguir melhorando o meu nível, conseguir bons resultados e subir no ranking", afirmou Wu em entrevista ao UOL Esporte.
Antes treinava com o alvo a apenas sete metros de distância, o que representa uma grande diferença, como pode ser visto no vídeo abaixo.
"É o que tenho e não posso ficar reclamando muito. Vou me virando como posso", disse ao UOL no dia que foi medalhista no Pan,
"O estande improvisado segue montado lá na minha garagem, mas nem uso mais. Não tem porquê", relatou o atleta que, nesta semana, está treinando no estande de tiro da Escola Naval do Rio de Janeiro. A cidade receberá na próxima semana mais uma etapa da Copa do Mundo, que também servirá como evento-teste para os Jogos Olímpicos.
Será uma boa oportunidade para se testar contra rivais que certamente estarão em seu caminho na briga por uma medalha olímpica.
"O nível será mais alto do que o da Olimpíada, pois cada país pode colocar até três atletas por prova na Copa do Mundo. Espero conseguir um bom resultado e seguir neste alto nível", disse o atirador, que em 2010 foi medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Cingapura.
Apesar de ter o status de número 1 e ter conseguido um feito inédito para a modalidade no país, Wu diz não ligar para números apesar de saber que a liderança lhe coloca mais responsabilidade e faz aumentar o respeito dos adversários.
"Claro que a liderança do ranking mundial é uma coisa que todo mundo quer, que mostra que estou no caminho certo para uma medalha e que tenho chances. Mas não estou muito preocupado com isso. Para falar a verdade, nem parei para comemorar. Estou muito focado em minha preparação", disse.
Chance de medalha existe, mas não será fácil
Wu sabe que chegar ao pódio é difícil, mas ele já faz cálculos e tem em mente um resultado que pode render uma medalha olímpica. Na etapa final, disputada pelos oito melhores atiradores entre 44 participantes, o brasileiro acredita que fazendo mais de 200 pontos em 218 pontos possíveis estará na briga.
"Meu recorde é 203. Com isso, e bem possível ganhar medalha", disse o atleta que dá cerca de 200 tiros por dia em seus treinos.
Além da pistola de ar de 10m, Felipe também disputará nos Jogos do Rio a prova da pistola livre (com bala) de 50m. Nesta disciplina tem a 58ª colocação do ranking. O melhor brasileiro é Julio Almeida, na 49ª.
"Faz menos de dois anos que treino na pistola de 50m contra mais de dez anos que levo na de 10m. Mas também acredito que posso ir bem", concluiu.