! Por que um nadador mostrará o dedo do meio para a arquibancada na Olimpíada - 10/02/2016 - UOL Olimpíadas

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Por que um nadador mostrará o dedo do meio para a arquibancada na Olimpíada

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

Não se assuste se durante a Olimpíada do Rio de Janeiro você vir um nadador mostrando o dedo do meio para as arquibancadas do Centro Aquático ou para as câmeras de TV. Santo Condorelli não terá a menor intenção de ofender os espectadores. Seu alvo será o pai, Joseph. Mas também não pense que existe algum tipo de rusga entre eles. 

O gesto, que em quase todo o mundo é tido como um insulto dos pesados, é uma superstição para o atleta canadense de 21 anos. Antes de cada prova que disputa, ele o repete ao subir no bloco de partida. Rotina que começou ainda na infância, quando o nadador tinha oito anos, e se estende até os dias de hoje.
 
"Ele era muito pequeno quando criança, bem menor que os adversários e muitas vezes se sentia intimidado. Ele não cresceu de fato até completar o ensino médio. Eu disse a ele: já basta. Quando você subir no bloco tire tudo de sua mente. E ele me perguntou: 'como faço isso?'. Então eu disse: bem, você diz f...-se. Então um dia ele olhou para mim na torcida e me mostrou o dedo. Eu devolvi o sinal. Ele começou a ganhar provas e provas depois disso e nunca mais mudamos", disse Joseph, em entrevista ao site Swim Swan.
 
À época, ele era o treinador e principal incentivador de Condorelli. Tanto que construiu uma piscina em sua casa com os próprios braços para o filho poder se desenvolver no esporte.
 
"A principal lição era de não me preocupar contra quem eu estava nadando. Não importava o tamanho ou quão bom eles eram. Apenas f...-se quem são. Meu pai me disse: 'mostre-me o dedo e só se preocupe conosco. Nós podemos conquistar qualquer coisa. E isso realmente me ajuda a acalmar os nervos antes das minhas provas. É um jeito de lembrar todo o esforço que coloquei no meu trabalho e que eu sei que posso nadar com estes caras que são maiores ou mais experientes do que eu. Não me importa como os outros reagem, não presto atenção nos outros. É uma coisa mental minha e que me ajuda", explicou ao UOL Esporte Condorelli, que hoje mede 1,88m.

Reprodução/Facebook
imagem: Reprodução/Facebook

 
O ato de mostrar o dedo do meio, porém, já causou muita polêmica. Em 2012, em uma competição juvenil nos Estados Unidos ele fez o gesto diretamente para uma câmera de TV,  o que lhe rendeu um belo puxão de orelhas de seu treinador.  Só depois de ver o tamanho da repercussão é que o nadador explicou que seu pai estava na beira da piscina, bem atrás do cinegrafista. Assim, até para não causar mais tanto espanto resolveu adaptar o gesto. Agora coloca levemente o dedo do meio sobre a testa, como pode ser visto no vídeo acima.
 
"Ao longo dos anos algumas pessoas já se mostraram contrárias e criticaram e até por isso mudei um pouco o gesto para mostrar respeito aos outros. Eu não tenho a menor ideai de parar com isso, é simplesmente um ritual para ter boa sorte e que tem me levado muito longe na natação. Meu objetivo não é ofender ninguém", disse.
 
"Também penso que há um grande grupo de pessoas que me apoiam. Elas entendem as razões por trás do gesto. É muito fácil criticar quando não se sabem os motivos. As pessoas com a mente mais fechada não entendem o quanto custa para ser um atleta de alto nível", completou.
Vaughn Ridley/Getty Images
imagem: Vaughn Ridley/Getty Images
Polêmicas à  parte,  a superstição vem dando resultado. No ano passado, em sua primeira grande aparição Internacional, Condorelli ganhou quatro medalhas nos Jogos Pan-Americanos de Toronto (duas de prata e duas de bronze) e fechou 2015 com o terceiro melhor tempo do mundo nos 100m livre, com 47s98. Na Olimpíada, espera ganhar o ouro na distância e se colocar entre os finalistas nos 50m livre.
 
"Eu coloquei metas altas para mim nesta Olimpíada, assim como outros atletas também o fazem. farei de tudo para ganhar o ouro nos 100m livre. Nos 50m livre, alcançar a final seria fantástico", disse Condorelli.
 
Ele, entretanto, descarta mostrar o dedo do meio no pódio caso chegue lá.
 
"Eu não acho que farei o gesto, nunca quis me exibir. É apenas algo pessoal entre mim e o meu pai antes de uma prova", afirmou Condorelli, que é nascido no Japão mas defende as cores do Canadá porque sua mãe nasceu no país.
 
O jovem se mostra empolgado com a chance de conhecer o Brasil, onde nunca esteve. Há alguns meses, inclusive, postou uma foto de uma camisa da seleção brasileira em seu perfil no Instagram e afirmou que tinha muita vontade de conhecer o país.
 
"Esta camisa foi presente de um grande amigo meu. Mas eu nunca estive no Brasil. Estou empolgado para explorar o país. Tenho alguns amigos que moram lá e tentaremos viajar um pouco. Será uma experiência fantástica estar com locais e sair da rota turística um pouco", afirmou.
Reprodução/Facebook
Condorelli com o pai Joseph, em foto de 2012 imagem: Reprodução/Facebook

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