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Pivô de polêmica no basquete feminino já foi aposta do Brasil no atletismo

Fábio Aleixo / UOL
Clarissa, jogadora de basquete da seleção feminina, começou no vôlei e já foi promessa do atletismo imagem: Fábio Aleixo / UOL

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Não há jogadora de basquete do Brasil que tenha sido envolvida em mais polêmicas do que Clarissa neste ano. Em janeiro, a pivô furou um bloqueio orquestrado por clubes locais ao evento-teste da Rio-2016 e foi a única atleta do Corinthians/Americana que se apresentou à seleção brasileira. Acabou dispensada da equipe paulista, convocada a dar explicações no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e intimada a pagar uma multa de R$ 134.572,00. O exemplo de dedicação ao time verde-amarelo, contudo, é fruto de um episódio fortuito. Ex-promessa do atletismo, Clarissa, 27, só acabou no basquete por uma coincidência de caminho.

A pivô começou no esporte aos 13 anos, no clube municipal Miécimo da Silva, no Rio de Janeiro. Procurou o espaço porque queria jogar vôlei, mas o responsável por recolher as inscrições era técnico de atletismo. Foi ele que convenceu Clarissa a praticar também arremesso de peso e lançamento de disco.

Dos 13 aos 19 anos, Clarissa seguiu no atletismo. Chegou a obter recordes estaduais em categorias amadoras e se destacou pelo potencial físico. A situação só mudou quando um técnico de basquete a encontrou no meio do caminho.

“A quadra de basquete ficava do lado da quadra de vôlei, e eu precisava atravessá-la para ir treinar atletismo. Um professor me via passando todo dia, e um dia ele me chamou. Eu só tinha tido contato com o basquete na escola e fiquei meio assim, mas resolvi tentar. Aí o vôlei acabou ficando um pouco de lado”, contou a pivô.

Clarissa ainda conciliou por um tempo os treinos de basquete e atletismo. Além disso, aproveitou em um as valências físicas desenvolvidas em outro. Até hoje, a força da pivô em disputas de bola é um dos aspectos mais impressionantes de seu jogo. Pokey Chatman, técnica dela no Chicago Sky, time que disputa a WNBA (liga profissional de basquete feminino dos Estados Unidos), chegou a classificar a brasileira em 2015 como “a jogadora mais forte que ela já viu”.

“Eu aproveito até hoje o início que tive no atletismo. Isso me deu mais coordenação e mais velocidade. O atletismo é bem completo”, explicou Clarissa.

“Eu só parei de treinar os dois porque comecei a ter convocações para seleções de basquete e precisei focar mais. Foi meio natural, mas eu gosto muito do atletismo”, completou.

No início da carreira, quando disputava os Jogos Regionais em São Paulo, Clarissa chegou a sugerir à comissão técnica de Americana que a inscrevesse também no atletismo. O pedido foi rejeitado: “Foi natural. Eu acabei não escolhei. Foi o basquete que me escolheu, na verdade”.

A relação que Clarissa desenvolveu com o basquete é uma das explicações para a decisão que ela tomou no início de 2016. “Não furei o bloqueio. Sou atleta, e atleta quer jogar. Essas coisas muito burocráticas ficam para quem tem de resolver. Para mim é o que acontece dentro das quatro linhas”, disse a pivô.

O desfecho da história, porém, mexeu muito na vida da jogadora. Após ser dispensada pelo Corinthians/Americana, Clarissa acertou com o Orduspor, da Turquia, onde ficará até abril. Depois voltará ao Chicago Sky, time que defende desde 2015, e fará por lá a última fase da preparação pessoal para a Rio-2016.

“O time é bem legal. A técnica teve muita paciência comigo, até porque o meu inglês não é lá essas coisas. Dá para comer e dormir, mas está tudo certo. Deu para aprender bastante coisa no último ano e entender o jogo americano, que é diferente”, encerrou a brasileira.

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