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Única jogadora da seleção de basquete a furar boicote é demitida por clube

Fábio Aleixo / UOL

Fábio Aleixo, Guilherme Costa e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em São Paulo e Rio de Janeiro

Única atleta a furar o boicote feito por cinco clubes que disputam a Liga de Basquete Feminino (LBF) e se apresentar à seleção brasileira para a disputa do evento-teste da Olimpíada, a pivô Clarissa foi dispensada de sua equipe, o Corinthians/Americana. A atleta foi comunicada por meio de uma carta na manhã desta terça-feira, quando se reapresentou o time. 

Segundo Ricardo Molina, presidente do Corinthians/Americana, a atleta foi dispensada por abandono de emprego.

"Ela quebrou o contrato por se ausentar dos treinos por 13 dias, entre 6 e 18 de janeiro. Ela abandonou a equipe. Não falou com ninguém", explicou Molina em rápido contato com o UOL Esporte.

O período a que Molina se refere é o mesmo em que Clarissa esteve com o time nacional, na fase de preparação para o evento-teste e a disputa do mesmo, no Rio de Janeiro.

A decisão do clube gerou revolta em Clarissa e seus representantes. Eles entendem que houve quebra unilateral de contrato por parte do clube e pretendem acionar a Justiça para cobrar direitos.

"Como a decisão foi deles (clube), não queremos falar muita coisa. Temos uma visão diferente. A Clarissa não abandonou nada. Ela foi servir o país. Agora é com a Justiça, ela que vai dizer quem está certo. Ficamos tristes pela atleta”, disse o empresário da atleta Fabio Jardine.

"O clube em nenhum momento oficializou uma negativa formal à convocação, ela respeitou a sua vontade e se apresentou. Vamos buscar a reparação na Justiça do Trabalho para pleitear os direitos", afirmou o advogado da atleta, Filipe Souza.

A pivô de 27 anos fica agora desempregada, mas segundo o UOL Esporte apurou ela tem propostas para defender uma equipe da Europa ainda nesta temporada.

Quando se apresentou à seleção no dia 6 de janeiro, Clarissa afirmou que não temia nenhum tipo de represália de seu clube

"Segui o que acreditei na minha cabeça e fiz o que quero, que é defender a seleção brasileira e representar bem o basquete feminino. Cada jogadora tem suas particularidades e eu fiz o que acreditava ser o melhor para mim. Eu não bati de frente com ninguém e até por isso não temo nenhum tipo de represália. O que mais quero é jogar pela seleção e ajudar este grupo como puder", afirmou na oportunidade.

Na última sexta-feira, após a estreia no evento-teste, contra a Argentina, ela repetiu o discurso.

"Eu não fiquei com medo e não furei bloqueio. Eu sou atleta, e atleta quer jogar. Essas coisas mais burocráticas ficam para quem tem de resolver, e para mim é o que acontece dentro das quatro linhas. O resto eu deixo para os cabeças grandes resolverem", disse.

Nesta terça-feira, em contato com o UOL Esporte, a atleta preferiu não entrar em polêmica: "Eu recebi da melhor forma possível.  Não fiquei feliz, mas acredito que tudo tem um propósito e um porquê. Sei que tudo vai cooperar para meu bem".

"Ainda não estou com o sentimento de estar sem clube. Se é que você me entende... Não planejava  isso, mas aconteceu. Agora eu penso continuar me preparando para os próximos dias", completou.

As atletas que foram impedidas pelos clubes de se apresentarem e alegaram motivos pessoais foram: Adrianinha, Tainá Paixão e Tati Pacheco (América de Recife), Gilmara e Joice (Americana/Corinthians), Jaqueline e Tássia (Santo André). Todas foram intimadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJD) da Confederação Brasielira de Basquete (CBB) a prestarem esclarecimentos em audiência na quinta-feira (21). 

 

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