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Ex-tenista portuguesa vira arma do badminton contra arena vazia na Rio-2016

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Ex-tenista portuguesa Maria van Grichen tenta desenvolver o badminton no Brasil antes dos Jogos Olímpicos de 2016 imagem: Reprodução / Linkedin

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Aberta na última terça-feira (20), a venda direta de ingressos para os Jogos Olímpicos de 2016 distribuiu 120 mil ingressos na primeira hora. As entradas disponíveis para a abertura, então, esgotaram-se nos primeiros 15 minutos. A demanda excessiva e a certeza de muito público, contudo, não são uma realidade para todas as disputas. É o caso do badminton, que será disputado no pavilhão 4 do Riocentro e tem partidas com início marcado para 8h (de Brasília). Com medo de arenas vazias no Rio de Janeiro, a modalidade resolveu apostar em uma ex-tenista portuguesa.

Desde julho de 2014, a portuguesa Maria van Grichen tem capitaneado um plano para tentar apresentar o badminton a mais brasileiros. A meta da (BWF (federação internacional de badminton, na sigla em inglês) é evitar que o ginásio fique vazio na Rio-2016 – o pavilhão 4 do Riocentro tem capacidade para 6.500 pessoas.

“Nosso principal objetivo é ter uma arena lotada. O desafio é ter uma arena lotada às 8h, que é o horário nobre da China [país em que o badminton é extremamente popular]. Acho que é difícil, até porque vai ser difícil chegar ao Riocentro às 8h e as pessoas não conhecem. Nosso objetivo aqui é divulgar para a pessoa virar fã e querer assistir”, disse Maria em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

A trajetória esportiva da portuguesa é intrinsecamente ligada ao tênis. Maria foi atleta, assim como o irmão dela, Antonio van Grichen, que depois seguiu carreira como técnico (ele chegou a trabalhar com Victoria Azarenka na época em que a bielorrussa foi sexta colocada do ranking mundial).

No entanto, não foi no esporte que Maria construiu carreira após ter deixado as quadras. A portuguesa trabalhava com moda em Amsterdã (Holanda) até ser convidada para um casamento no Brasil. Quando isso aconteceu, decidiu largar tudo para recomeçar a carreira e viver no Rio de Janeiro. “Quando cheguei ao Brasil, fiquei nove meses desempregada, tentando arrumar alguma coisa na área de esporte”, relatou.

A relação da portuguesa com o esporte no Brasil começou quando ela foi convidada pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para trabalhar no departamento de seleções, que na época era comandado por Andrés Sanchez. Maria ficou lá por pouco mais de um ano, e além disso trabalhou em duas edições do Rio Open de tênis.

Maria ficou sabendo de uma vaga da BWF, que já queria desenvolver no Brasil o inédito projeto de popularização da modalidade para os Jogos Olímpicos. “Fiquei com pé atrás por ser badminton. Já tinha jogado na escola quando criança, mas para mim era uma coisa devagar”, contou a portuguesa. “Entrei em julho, e em agosto houve o GP de Deodoro. Aí na montagem das quadras eu disse que queria experimentar e pedi para alguém jogar comigo. Fiquei viciada”, completou.

Divulgação / BWF
imagem: Divulgação / BWF

Petekin, mascote criado pela BWF no Brasil, também é uma novidade para a modalidade

O projeto do badminton para o Brasil

A ideia da federação internacional de badminton para evitar ginásios vazios em 2016 é fazer com que o esporte seja mais popular no Brasil. Para isso, a entidade criou uma mascote local (algo que ainda não havia sido feito em nenhuma outra região), passou a fazer atividades ao ar livre (o nome do projeto é “badminton nas ruas”), intensificou um programa de capacitação de professores de escolas públicas e privadas e lançou na última quinta-feira (15) um mapa sobre a prática da modalidade no país.

“É muito difícil comunicar um esporte indoor porque as pessoas não veem. A gente apostou em, mesmo com as dificuldades de vento, fazer atividades na rua”, afirmou Maria. “Eu olho muito para o vôlei. O vôlei não era conhecido 20 anos atrás, mas hoje é um esporte que está super no sangue do brasileiro”.

Em 2014, a BWF fez quatro cursos no Rio de Janeiro. Foram 51 professores capacitados para incluir o badminton na rotina das aulas (um total de 68 escolas). A previsão da entidade é fechar 2015 com 14 cursos, 332 professores e 370 escolas.

Os cursos são gratuitos e duram um fim de semana. “Esse projeto é até agosto de 2016. Depois, os tutores já vão estar capacitados. Se a federação do Rio de Janeiro quiser continuar, eles podem seguir e até cobrar”, explicou Maria.

Badminton ainda não tem noção de resultados no Brasil

“A nossa realidade não se mede em quantidade. A gente não quer mensurar isso. Nosso principal objetivo é ter uma arena lotada”, explicou Maria. Ainda que a BWF tenha estipulado meta de professores a serem capacitados, isso não vai servir como parâmetro de sucesso. O critério mais preciso será a venda de ingressos para a Rio-2016.

Até aqui, a BWF teve acesso a apenas um relatório de venda de ingressos. As vendas estão caminhando, mas ainda não dá para falar em números. Mas está indo. Poderia ser zero”, finalizou Maria.

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