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Fratus une foco a roteiro de Cielo e vira última grande esperança em Kazan

Satiro Sodre/SSPress
Bruno Fratus comemora a classificação para a final dos 50m livre. Brasileiro avançou com o terceiro melhor tempo imagem: Satiro Sodre/SSPress

Guilherme Costa

Do UOL, em Kazan (Rússia)

A primeira reação foi a reclusão. Foi em silêncio que Bruno Fratus, 26, lidou com a frustração causada pelos Jogos Olímpicos de Londres-2012 – o brasileiro nadou os 50m livre em 21s61 e ficou a dois décimos de segundo de Cesar Cielo, que obteve a medalha de bronze. No ano seguinte, nova decepção: uma lesão no ombro impediu o atleta nascido em Macaé (RJ) de disputar o Mundial de esportes aquáticos realizado em Barcelona. Aí, Fratus reagiu com o traço mais marcante de sua personalidade: o foco. Com até 18 sessões de trabalho por semana (média superior a dois turnos por dia) e um roteiro semelhante ao que levou seu compatriota ao auge, evoluiu a ponto de assumir o posto de última grande esperança do país em Kazan.

Fratus disputará neste sábado (08) a prova decisiva dos 50m livre. Classificou-se com o terceiro melhor tempo das semifinais (21s60) e tentará manter a hegemonia do Brasil na disputa. O país foi ao topo do pódio da distância nos três últimos Mundiais, sempre com Cesar Cielo, que chegou a viajar para Kazan em 2015 a fim de defender os títulos, mas sentiu lesão no ombro esquerdo e acabou cortado.

Nas semifinais, o norte-americano Nathan Adrian (21s37) e o francês Florent Manaudou (21s41) superaram Fratus. A marca do gaulês, aliás, é exatamente igual ao melhor tempo da vida do brasileiro. O caminho até o topo do mundo, portanto, passa por uma necessidade de uma prova perfeita.

“A partir do momento em que você tem uma raia em uma final, você tem uma chance de ter um resultado. Meu objetivo é conseguir o melhor da minha carreira, que seria um pódio e seguir entre os dez melhores da prova. Espero continuar nadando rápido”, disse Fratus.

Defender a hegemonia erguida por Cielo e desafiar tempos mais baixos do seu melhor podem parecer tarefas complicadas para um atleta. Analisar a história recente de Fratus, contudo, é suficiente para entender que “complicado” não combina muito com ele.

Depois de Londres-2012, Fratus passou cinco meses treinando em Caserta (Itália), cidade que já havia abrigado Cielo. De lá viajou para a Universidade de Auburn (Estados Unidos), onde passou a ser treinado por Brett Hawke.

Cielo também treinou em Auburn e também foi atleta de Hawke. Aliás, o técnico cuidava do brasileiro em 2008, quando ele faturou o ouro olímpico nos 50m livre, e em 2009, quando venceu seu primeiro mundial na distância e estabeleceu o recorde que ainda perdura.

Em Auburn, Fratus encontrou um cenário que combina com o jeito dele. É uma cidade pacata, com poucas opções de lazer, onde ele conseguiu moldar uma rotina em torno dos treinos.

A trajetória de Fratus foi interrompida por uma lesão no ombro. Ele passou por cirurgia em maio de 2013 e só voltou a nadar de forma consistente no ano seguinte.

A partir disso, Fratus não parou de evoluir. O brasileiro foi medalhista de ouro no Pan-Pacífico de 2014 (21s44) e bateu Nathan Adrian na prova final. Neste ano, tinha a quinta melhor marca do planeta nos 50m livre até o início do Mundial.

Em entrevista ao jornal “Diário de S.Paulo”, Hawke definiu Fratus como “o atleta mais focado com quem ele já trabalhou”. É isso que o brasileiro transborda, das palavras ao jeito de olhar ao dar entrevistas.

Todo esse foco será colocado à prova na final do Mundial. O Brasil conquistou três medalhas na competição até aqui, e todas foram de prata: Thiago Pereira (200m medley), Etiene Medeiros (50m costas) e Nichollas Santos (50m borboleta).

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