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Menina de dez anos nada Mundial, vira estrela e já sonha com Olimpíadas

Guilherme Costa

Do UOL, em Kazan (Rússia)

O francês Florent Manaudou, atual campeão olímpico dos 50m livre, tinha acabado de nadar, mas dezenas de jornalistas se aglomeravam na zona mista da Kazan Arena para falar com uma menina de dez anos. Atleta mais nova da história de um Mundial de esportes aquáticos, Alzain Tareq (Bahrein) completou a seletiva dos 50m borboleta em 41s13 e foi a última colocada da prova preliminar. Ainda assim, teve um dia de estrela e revelou que já faz planos para ir aos Jogos Olímpicos. Talvez até no Rio de Janeiro, em 2016.

Alzain terá 11 anos quando a competição no Brasil for realizada. Segundo a Fina (Federação Internacional de Esportes Aquáticos), os Jogos Olímpicos seguem os critérios do Mundial e não têm limite mínimo de idade.

“Se a Fina decidir convidá-la, por que não? Ela fala sobre isso e quer estar no Rio. Nós respondemos que o objetivo é Tóquio-2020, mas se ela puder estar no Rio será um sonho”, disse Belal Tareq, pai de Alzain.

Atual técnico e grande incentivador da carreira de Alzain, o pai explicou que existe um projeto para desenvolver a nadadora. Ela deve seguir no Bahrein até os 14 anos, e depois disso a ideia é levar a menina a um centro mais competitivo – provavelmente o Reino Unido, já que a mãe da atleta é escocesa.

“Ela sonha ser uma das melhores do mundo. Ela já fala sobre Jogos Olímpicos. Nós temos alguns objetivos para ela até 2020, em Tóquio, com uma estratégia completa para chegar ao alto nível. Espero que com todo o apoio e com toda a atenção que ela tem recebido, com todo mundo falando sobre ela, nós possamos levar esse plano adiante”, disse o progenitor da atleta.

A nadadora precoce começou a praticar o esporte aos cinco anos de idade. Aos seis, competia em provas de estilo livre. Alzain atualmente nada provas de medley, algo pouco comum para meninas de dez anos – em Kazan, além dos 50m borboleta, ela vai disputar os 50m livre.

“Estou impressionada com isso aqui. Estava nervosa antes da prova, mas só fiquei assim quando fomos para a sala de controle. Depois foi um pouquinho melhor”, classificou Alzain, que perdeu as contas de quantas entrevistas deu nesta sexta-feira (07): “Um monte”.

O assédio da imprensa em Kazan é apenas um exemplo do quanto a nadadora se transformou em estrela no Mundial. Nos primeiros dias, encantada com tudo que encontrou na Rússia, Alzain aproveitou para pedir autógrafos e tirar fotos com os grandes nomes da natação. Depois, ela é que virou alvo do assédio de atletas e técnicos. “Ela está vivendo um sonho e está amando isso”, disse o pai da atleta.

“Peguei autógrafo da Sarah [Stojstrom], que é da Suécia, da Cate [Campbell], que é da Austrália, da Missy [Franklin], que é dos Estados Unidos, do Chad le Clos, que é da África do Sul...”, enumerou Alzain. “Foi uma boa experiência”, adicionou.

Durante alguns instantes, a nadadora do Bahrein foi tratada como uma estrela adulta. No entanto, era impossível não perceber o contraste entre isso e o jeito da menina, ainda tímida e pequena – ela diz ter 1,44m, mas a ficha oficial do Mundial aponta 1,36m.

Alzain mostrou todo esse jeito infantil ao ser questionada sobre o futuro, por exemplo: “Quero ser campeã nos 50m borboleta. Amo nadar, e isso é o que eu quero fazer da minha vida. Ou então virar piloto”.

Drama pessoal e irmã promessa

Ainda que tenha apenas dez anos, Alzain já tem uma trajetória com alguns percalços. Khalifa Ali, técnico com quem ela treinou durante três anos, morreu seis meses antes do Mundial disputado em Kazan. Em entrevistas anteriores ao torneio, o pai da atleta chegou a dizer que a participação dela na Rússia seria uma homenagem ao mentor.

“Foi uma notícia difícil para ela. Ela não treinou por uma semana. Ele estava na piscina com ela na quinta-feira, treinando, e ela tinha uma competição na sexta-feira. Ele disse tchau e morreu uma hora depois de sair de lá. Foi muito triste para nós”, relatou Belal Tareq.

Melhor atleta sub-12 do país, Alzain deixou a mãe e uma irmã de sete anos no Bahrein. A caçula também é nadadora. “O técnico diz que é até melhor do que ela”, finalizou o pai.

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