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Polícia Federal e Abin podem entrar no combate ao doping no Brasil

Júnior Lago/UOL
Brasil realizará 2.5 mil análises de sangue e urina apenas neste ano no Rio imagem: Júnior Lago/UOL

Daniel Brito

Do UOL, em Brasília

O combate ao doping no Brasil pode tomar proporções jamais vistas nos próximos anos. Ao ponto de envolver diversos órgão da administração pública do país. A ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem) está em conversações com Polícia Federal e Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para que eles possam atuar na origem do problema: os fornecedores de substâncias proibidas aos atletas.

Boa parte dos itens na lista negra da Wada (sigla em inglês para Agência Mundial de Antidoping) pode ser encontrada em medicamentos de uso rotineiro, como diuréticos ou broncodilatadores, por exemplo. Mas diversas substâncias são ilegais e até sua comercialização é proibida no país, como é o caso de alguns esteroides anabolizante.

O mais famoso é o estanozolol, utilizado pelo velocista canadense Ben Johnson, na final dos 100m rasos dos Jogos Olímpicos de Seul-1988. Brasileiros foram flagrados fazendo uso do esteroide, principalmente do MMA, como o lutador Rafael Feijão, ainda em 2012. A fronteira com o Paraguai já foi alvo de investigações da polícia em razão da entrada de produtos que contenham esta substância ilegalmente no Brasil.

É para evitar que o estanozolol e outros medicamentos proibidos cheguem até os atletas, sejam de alto rendimento ou da base, que a PF e a Abin podem ajudar a ABCD. “Já fizemos reuniões para tratar de um serviço de inteligência, para evitar a ação dos fornecedores junto aos atletas e comissões técnicas. Contamos com vários exemplos de sucesso neste sentido em grandes potências esportivas”, explicou Marco Aurélio Klein, presidente da ABCD.

A ABCD, vinculada ao ministério do Esporte, foi criada em 2011, como parte do acordo para receber os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio, no ano que vem. Em 2014, ela coordenou a realização de cerca de 800 testes de dopagem, todos feitos fora do país. A partir de junho, contudo, os exames tornarão a ser realizados no Brasil. A Wada recredenciou o LBCD (Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem) e a meta é realizar 2.5 mil análises só neste ano.

O LBCD fará os exames e a ABCD contará com um tribunal de apelação para punir os atletas na esfera esportiva, mas não terá poder de polícia para os casos mais graves. Aí que entram PF e Abin. 

Atualmente, Klein dedica-se em estudar os termos da parceria entre a polícia alemã e agência de controle antidoping da Alemanha. “Eles estão com um trabalho grande e muito eficiente. Estou analisando o caso dos alemães, podemos utilizar algumas das ações aqui”, previu.

A polícia é uma grande parceria de algumas das principais agências de antidoping do mundo. O UKAD (sigla em inglês para Agência de Antidopagem do Reino Unido) divulgou no ano passado o caso inédito de banimento do pai de uma boxeadora do País de Gales pelo porte e tráfico de esteróides anabolizantes.

Não há previsão para quando Polícia Federal e Abin passarão a atuar em conjunto com a ABCD.
 

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