Vídeos

Ciclismo BMX pode levar Carnaval aos Jogos Olímpicos-2016

Leticia Moreira/ Folhapress
Origem do sobrenome da ciclista paulista Priscilla é Carnavale, da Itália imagem: Leticia Moreira/ Folhapress

Daniel Brito

Do UOL, em Brasília

O BMX brasileiro pode levar Carnaval para o Rio de Janeiro nos Jogos Olímpicos-2016. Não se trata da festa tradicional cantada e decantada em sambas e marchinhas, que ajudaram a dar notoriedade internacional à cidade. Mas o Carnaval em questão vem do sobrenome da família da sorocabana Priscilla Stevaux Carnaval, 21.

O mais curioso é que a origem do nome da família é italiana, e grafava-se, inicialmente, Carnevale. Em algum momento, quando da vinda dos bisavós de Priscilla para o Brasil, erraram na grafia. A forma atual, Carnaval, foi adotada em definitivo pelos demais membros que por aqui nasceram.

Pois esta integrante do clã Carnevale, ou melhor Carnaval, é atual campeã brasileira, terceira da América do Sul e 19ª no ranking mundial em uma categoria do ciclismo em que vizinhos, como Colômbia e Venezuela, possuem algumas das mais talentosas ciclistas do planeta. Priscilla reúne todas as condições de representar o país nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em julho, e, um ano mais tarde, no Rio-2016.

Por ser país sede dos Jogos, o Brasil já tem um posto garantido no BMX olímpico. O atleta que obtiver os melhores resultados na temporada, leva a vaga. Será apenas a segunda participação de uma brasileira na modalidade. A pioneira foi Squel Stein, que sofreu uma grave queda na início da prova, em Londres-2012.

Este, aliás, é um pesadelo que acomete Priscilla com larga frequência. Nas últimas três temporadas, justamente a partir do momento em que passou a se dedicar às competições internacionais, ela já teve de interromper a carreira para tratar de lesão no ombro, na mão direita, fora as duas vezes em que caiu desacordada na pista.

“Minha mãe sempre fala: ‘Ande devagar, minha filha’. Mas eu digo que não tem como ir devagar, se eu quiser ganhar, tenho que ir forte em todas as provas”, conta Priscilla. Ela tem por hábito rever suas quedas mais traumáticas e ainda leva no celular imagens do momento em que se choca com o chão. “Não me incomodo em rever os tombos. Serve para avaliar onde errei e evitar futuras quedas. O importante é me levantar toda vez que for ao chão”, disse.

O pedido da mãe antes de cada apresentação da filha encontra uma justificativa no histórico familiar. Dona Lenice queria que Priscilla fosse bailarina. Chegou a matriculá-la, mas foi por influência do irmão mais velho, Douglas, 23, que ela começou a dar seus primeiros pulos nas rampas de barro do interior paulista, aos 7 anos de idade. Aos 18, ela foi convidada para treinar Centro Mundial da UCI (União Ciclística Internacional), na Suíça.

Já na temporada 2014, foi 3ª no Pan-Americano de BMX, no Chile, e no Sul-Americano. Ficou atrás da colombiana Mariana Pajón, bronze em Londres-2012 e atual líder do ranking mundial, e da venezuela Stefany Hernandez, sexta do mundo. Ainda terminou entre as oito primeiras em cinco etapas da Copa do Mundo.

Em 2015, Priscilla praticamente mudou-se para os Estados Unidos. Está na aprazível Chula Vista, no sul da Califórnia. Chegou em março e só deve voltar para Sorocaba em setembro, se tudo der certo. Lá, aprimora suas habilidades ao lado das americanas, que ocupam quatro das dez primeiras colocações no ranking mundial.

“A pista daqui de Chula Vista obedece um padrão olímpico. Provavelmente, a pista dos Jogos do Rio será parecida com esta daqui [da Califórnia] e eu tenho a oportunidade de trabalhar ao lado de grandes competidoras”, afirmou a atleta, que conta com o apoio da Caixa, por intermédio do patrocínio à Confederação Brasileira de Ciclismo, e do Ministério do Esporte.

Se repetir os bons resultados das últimas temporadas, Priscila levará o sobrenome Carnaval ao Rio em 2016. Ela está ansiosa e confiante, não apenas porque tem como sonho disputar os Jogos Olímpicos, mas também porque só passou dois dias de sua vida na terra do samba.

“Fui convidada para a premiação do COB [Comitê Olímpico Brasileiro] no ano passado, fiquei 48 horas ou um pouquinho mais e foi maravilhoso. Quero ficar mais tempo”, planejou. Nesta semana, ela embarca para a Holanda, para disputar mais uma etapa da Copa do Mundo de BMX, no final de semana, na cidade de Papendal.

Topo