Lars Grael defende vela fora da Baía: "Velejar em água imunda não dá"
O velejador e presidente da Comissão Nacional de Atletas Lars Grael voltou a criticar a poluição da Baía de Guanabara e defendeu que as competições de vela na Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, sejam realizadas em mar aberto. A Federação Internacional de Vela (Isaf, na sigla em inglês), inclusive, já cogita esta possibilidade devido à certeza de que a Baía não estará despoluída a tempo dos Jogos.
“A tentativa de tirar (da Baía) é da Isaf devido ao volume de críticas e a constatação de que a despoluição não vai acontecer. Estão buscando um ambiente mais saudável e a opção é fazer em mar aberto, onde a quantidade de detritos e lixos é bem menor e a qualidade da água é bem melhor. Mediante o quadro da poluição é uma alternativa bem viável. Velejar em água imunda não dá, a questão ambiental é determinante. Hoje a Baía de Guanabara é impossível”, disse Lars nesta quarta-feira, após tomar como posse como presidente da Comissão Nacional.
Para Lars, o ideal mesmo é que as competições fossem realizadas em Búzios, algo que parece estar totalmente fora de cogitação neste momento.
“Nós alertamos desde o início para que fosse em Búzios, onde o vento é mais intenso, constante e água é limpa. Teve erro de planejamento e execução e agora estão se buscando alternativas, medidas paliativas. Se ocorrer mesmo na Baía de Guanabara, temos o risco de uma regata ser decidida porque o lixo prendeu no barco ou na prancha de um atleta. Em uma comparação, seria como fazer uma pista de atletismo esburacada e escorregadia e isso acabar definido um resultado”, disse Lars.
O velejador também disse acreditar que alguns comitês olímpicos possam estar pressionando a Isaf pela mudança para que os atletas brasileiros não tenham vantagem por conhecer bem o ambiente da Baía.
“Eles sabem que a Baía é como a Bombonera da vela brasileira, um lugar particular para velejar. Quem tem costume de velejar lá, leva vantagem. Então, estão usando esta questão do lixo para levar para raia aberta. Com água limpa e vento constante, a competição fica mais democrática e equilibrada. Respeito a opinião deles", concluiu.