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Rio-16 terá mais jogos no Mané Garrincha que Copa-14. O gramado suportará?

Daniel Brito/UOL
Arena multiuso: Mané Garrincha recebeu mais ônibus vazio do que torcida em 2015 imagem: Daniel Brito/UOL

Daniel Brito

Do UOL, em Brasília

Brasília foi contemplada com 10 partidas de futebol nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 em um período de oito dias, de 4 a 12 de agosto. Assim, o estádio Mané Garrincha, reerguido, inicialmente, com o propósito de ser uma das sedes da Copa do Mundo, terá quase 50% a mais de jogos nas Olimpíadas do que no evento da Fifa, em 2014.

O Mundial levou ao Distrito Federal sete partidas em um período de 24 dias. Após os primeiros 270 minutos de bola rolando (três jogos), contudo, o gramado brasiliense começou a apresentar algumas falhas. Assim, a arena da capital do país deixa no ar uma dúvida para os Jogos-2016: o gramado suportará uma carga jamais experimentada em um período tão curto?

Segundo Douglas Capela, diretor da Terracap, empresa do GDF (Governo do Distrito Federal) responsável pelo estádio, sim. “Temos um dos melhores gramados do Brasil e do mundo. Ele suportará naturalmente os compromissos”, garantiu.

Para Jaime Recena, secretário de Turismo do Distrito Federal, pasta responsável pela programação e agendamento de eventos no Mané Garrincha, já há uma estratégia para que o gramado não saia prejudicado durante os Jogos Olímpicos. “Temos a ideia restringir os treinamentos no gramado, para evitar um desgaste maior”, explicou. "Haverá centros de treinamento em ótimas condições para todas as seleções que vieram a Brasília", acrescentou.

Na Copa houve um período de “respiro” ao gramado de pelo menos três dias entre as partidas. Ainda assim, antes do confronto entre Portugal e Gana, no encerramento da primeira fase, os europeus tentaram fazer um treinamento no Mané Garrincha, como é de praxe antes dos jogos, mas foram impedidos pela Fifa. Segundo o então técnico da seleção portuguesa, Paulo Bento, para que o gramado fosse preservado.

Passada a Copa do Mundo, as chuvas do final de 2014 alagaram repetidas vezes o campo de jogo. No torneio amistoso de futebol feminino em dezembro, Brasil e Estados Unidos jogaram a decisão debaixo de uma chuva fina, ainda assim, pequenas poças se formaram próximo à linha central.

Já em 2015, Cruzeiro e Shakhtar Donetsk disputaram um amistoso de pré-temporada e após 45 minutos, novamente o gramado voltou a mostrar-se desgastado. De janeiro a abril, a arena brasiliense ficou sem receber uma única partida de futebol. No domingo passado, 26, Gama e Brasília disputaram o primeiro jogo oficial da temporada no estádio. Ao final dos 90 minutos, após vitória do Gama por 3 a 0, o campo estava recheado de buraco. As duas equipes voltam a se enfrentar no domingo, de novo no Mané Garrincha.

Para 2016, o prazo mínimo de 72 horas respeitado pela Fifa entre duas partidas só será respeitado uma vez. Até porque os Jogos têm 16 dias de duração, contra 30 da Copa do Mundo. Para complicar ainda mais, haverá rodadas duplas nos dias 7, 9 e 10 de agosto.

Segundo Recena, a melhor maneira de preparar o estádio para a carga de jogos prometida para Rio-2016 é realizando mais jogos. ‘Vamos encher o calendário. Vamos trazer mais jogos de times da Série A do Campeonato Brasileiro. Já estamos negociando para receber mais shows também”, prometeu.

A primeira oportunidade de sediar um jogo da primeira divisão nacional na temporada 2015 já foi perdida. Corinthians e Cruzeiro fariam suas estreias no Brasileiro, em 10 de maio, data da abertura do certame. Por R$ 1 milhão, Cuiabá, dona de outra arena controversa da Copa do Mundo, levou o duelo para a Arena Pantanal.

O Cruzeiro, mandante, está impossibilitado de atuar no Mineirão em razão dos incidentes provocados por sua torcida no clássico contra o Atlético-MG, em setembro do ano passado.

Enquanto isso, o Mané Garrincha busca atividades para manter-se ocupado. O estádio, com capacidade para 72 mil pessoas, gera um custo mensal de R$ 800 mil aos cofres do Distrito Federal. Seu estacionamento, que recentemente abrigou um show da banda de rock Kiss, é utilizado como estacionamento para mais de 400 ônibus. Suas salas, tornaram-se sede administrativa de algumas secretarias de Estado.

Capela e Recena informaram que está em confecção um plano para conceder à iniciativa privada não só o Mané Garrincha, como todo Complexo Esportivo Ayrton Senna, que abriga ainda quadras poliesportivas, um parque aquático, dois ginásios cobertos e o hoje demolido Autódromo Internacional Nelson Piquet. “Mas enquanto não concluirmos o projeto, não significa dizer que não vamos deixar de organizar eventos no estádio. Vamos ocupar a agenda com a maior quantidade possível de jogos”, garantiu Recena.

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