Atletas comemoram visibilidade com Anderson, mas duvidam de vaga na Rio-16
O desejo de Anderson Silva de participar dos Jogos Olímpicos de 2016 mexeu com o mundo do taekwondo, modalidade na qual o lutador se colocou à disposição para representar o Brasil. Apesar de duvidarem que o “Spider” realmente voltará ao esporte que praticou na juventude e é faixa preta, Lucas Oliveira, um dos atletas que estão na briga pela vaga, ressaltou que a presença do ex-campeão do UFC traria visibilidade ao esporte.
“A vaga está aí. Quem quiser disputá-la, acho que só vai acrescentar. Não só para nós como atletas, mas para o esporte, que vai ganhar mídia e visibilidade. A presença dele pode dar mais mídia para o taekwondo nacional. Mas acredito que é mais demonstração de vontade de participar do que outra coisa. Ele não é atleta do taekwondo. Não é só querer participar”, afirmou ao UOL Esporte.
O desejo de Anderson Silva foi noticiado pela Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD). A entidade divulgou uma carta na qual o ex-campeão do UFC revela sua vontade de disputar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A modalidade foi crucial para a formação do estilo de “Spider” nos octógonos.
“Pra ser sincero, não me preocupo (com a concorrência), porque quando o Anderson Silva fala em disputar vaga para os Jogos Olímpicos, ele não deve ter ideia de como é esse processo. Seria como algum atleta olímpico dizer que vai para o MMA. São exigidos alguns anos de preparo para essa transição e claro que é possível, mas o tempo que o Anderson tem é muito curto, ele não disputou nenhum campeonato de taekwondo até agora, não temos parâmetros para isso e as coisas em uma competição de taekwondo são bem diferentes”, afirmou Guilherme Felix, 18º no ranking mundial, e um dos cotados à vaga para os Jogos.
Apesar da fama no MMA, Anderson Silva não deverá ter caminho fácil no taekwondo. De acordo com Fernando Madureira, técnico da seleção brasileira, ele terá que conseguir bons resultados nacionais para se credenciar à seletiva que leva à seleção. Caso consiga, o treinador acredita que o lutador tem condições de conquistar a vaga, mas não terá vida fácil.
“No meu ponto de vista tem, porque é um atleta de boa condição física, aspecto emocional de luta bom, tem conhecimento da arte marcial por ser faixa preta. Ele precisa, realmente, isolar o trabalho com MMA e focar. Cadeira cativa ele não vai ter. Terá que disputar seletiva nacional, entrar para a seleção e fazer todo o caminho dos outros atletas”.
Madureira acredita que a disputa de Anderson Silva não será com Guilherme Felix, que briga por uma vaga pelo ranking internacional, sem precisar do lugar dado ao Brasil por ser o país sede dos Jogos. Para o treinador, a disputa do “Spider” é com Lucas Oliveira e Maicon Siqueira.
“Não tem favorito, favorito é quem ganha. Anderson entrando nessa seria muito legal, promoveria a modalidade pra caramba. Isso é bacana. Mas nosso comprometimento é com a conquista de medalhas, em mostrar o crescimento do taekwondo no Brasil”, completou.
Doping
Depois do combate contra Nick Diaz, em 31 de janeiro deste ano, no UFC 183, Anderson Silva foi flagrado no doping em exames feitos antes e depois da luta. O brasileiro foi suspenso preventivamente do MMA pela Comissão Atlética de Nevada e deverá ser julgado em maio.
Pelo fato de a Comissão Atlética de Nevada não ser um órgão filiado à Wada (Agência Mundial Antidoping), a punição não vale em nível global. Com isso, o doping não seria, de início, um problema para que Anderson Silva disputasse os Jogos Olímpicos.
“Quando um atleta é suspenso (pela Wada) por doping em uma modalidade, ele é suspenso do esporte em geral. Ele é obrigado a cumprir a suspensão dele e, caso seja excluído de uma modalidade, ele não poderá mais competir em nenhum outro esporte”, explicou o médico Eduardo De Rose, membro do Comissão Médica do Comitê Olímpico Internacional (COI) e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
De acordo com De Rose, fora do período de competição, os 50 melhores do ranking de cada esporte passam por exames antidoping. Durante os torneios, no entanto, todos os atletas ranqueados são controlados.