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Mais de 50 atletas se rebelam e criticam confederação brasileira de esgrima

Gaspar Nóbrega/Inovafoto/COB
Clarisse Menezes (E), que disputou o Pan-11, também pediu transparência à CBE imagem: Gaspar Nóbrega/Inovafoto/COB

Daniel Brito

Do UOL, em Brasília

A CBE (Confederação Brasileira de Esgrima) voltou a ser alvo de críticas de gente ligada à modalidade. A ABE (Associação dos Esgrimistas Brasileiros) enviou na tarde da terça-feira, 3, duas notas oficiais à entidade cobrando, entre outras coisas, transparência e participação dos clubes no processo eleitoral da CBE.

Assim, eles engrossam o coro iniciado pela esgrimista paulista Élora Ugo Pattaro, 29, que há menos de uma semana publicou um vídeo na internet anunciando seu desligamento da equipe que treina para representar o Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 pelos mesmos motivos apresentados pela Associação em nota da terça-feira. No vídeo, Élora em 2013 aderira a um grupo de atletas que cobrara transparência da confederação e, por este motivo, passou a sofrer represálias. "Tenho vergonha de representar o Brasil desta forma", declarou, em tom de desabafo. 

Em um dos ofícios à CBE, a ABE reclama que existem apenas três confederações estaduais (Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro), mas há mais de 20 clubes filiados à confederação em outras unidades federativas, como Distrito Federal, São Paulo e Minas Gerais. A Associação conseguiu a adesão de 58 atletas, desde jovens talentos da base até gente com renome no cenário nacional, como Karina Lakerbai, líder do ranking brasileiro no sabre feminino, Guilherme Toldo, único brasileiro a vencer um jogo em Londres-2012, do florete, e os três primeiros na espada masculino, Athos Schwantes, Guilherme Melaragno e Alexandre Camargo.

“Considerando uma grande responsabilidade [eleger o presidente da CBE] na mão de poucos, e a necessidade de fazerem representados os praticantes de outros Estados que não possuam federações, propomos a inclusão de 21 clubes e academias regularmente afiliada à CBE como membros da Assembleia Geral [com direito a voto para presidente da CBE]”, pediram os atletas em abaixo-assinado.

A segunda nota oficial do dia contesta diversos pontos apresentados como resposta pela CBE às informações publicadas pelo jornalista José Cruz em seu blog no UOL Esporte, no final de fevereiro. A Confederação terá de devolver R$ 825 mil ao Ministério do Esporte por convênio feito para beneficiar os atletas da seleção no valor de R$ 1,1 milhão.
Muitos atletas foram prejudicados e reclamaram da falta de apoio.

“Houve alguma tentativa de revisão de projeto e valores em busca da utilização de 100% do recurso, ainda que em menor quantidade do que havia sido previsto anteriormente? Houve a participação de clubes e técnicos na elaboração desse projeto? Por que soubemos da devolução pela mídia e não por meio de um comunicado publicado pela própria Confederação?”, questionam os atletas em nota.

Eles questionam o fato de a CBE não utilizar as outras fontes de recursos, além do patrocínio da Petrobras, para financiar treinamentos e competições de atletas de ponta no ranking nacional, como era o caso de Élora Pattaro. “Existe verba da Lei Piva, convênios com Ministério do Esporte, arrecadação com inscrição de atleta em competição...Onde são aplicados todos esses recursos?”, acrescenta a nota.

“Esperamos que a Confederação atente aos questionamentos expostos, já que são apresentados pela comunidade de esgrimistas brasileiros e, entre os fins sociais da nossa entidade, está a representação dos atletas a ela associados”, finalizou a Associação, em nota assinada pelo presidente da ABE, Evandro Landulfo Teixeira Paradela Cunha, e sua vice, Maria Julia Heklotz.

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