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ler maisNo dia 23 de junho de 2015, a seleção brasileira masculina de polo aquático venceu, por 17 a 10, a Croácia, atual campeã olímpica, pela fase final da Liga Mundial, em Bergamo, na Itália. O resultado colocou o Brasil no mapa do esporte. Para quem conhece o polo, foi uma aberração: uma potência mundial como a Croácia raramente perde por sete gols de diferença. Nunca para um time sul-americano.
Pouco antes daquela partida, os brasileiros fizeram um treino pesado, algo que a maioria dos times não faz no dia da estreia em grandes campeonatos. “Foi um jogo histórico, mas esse não era o nosso foco. Tanto que, ainda hoje, treinamos duas horas pela manhã. Incluindo musculação”. A frase é de Ratko Rudic, treinador do Brasil desde 2013, e mostra como está acontecendo a revolução do esporte olímpico brasileiro.
Rudic é croata e dono de seis medalhas olímpicas, quatro delas ouro. É o maior técnico de polo aquático do planeta. E aceitou trabalhar em um país sem tradição nenhuma: o Brasil ganhou os Jogos Pan-Americanos em 1967, em São Paulo. E foi só. Não disputa as Olimpíadas há mais de 20 anos e, em Campeonatos Mundiais, até 2015 nunca tinha terminado entre os dez primeiros.
Com ele, as coisas mudaram. O time foi bronze na Liga Mundial, chegou à decisão do Pan de Toronto e ficou em 10º lugar no Mundial de Kazam, há alguns meses. É um fenômeno que se repete nas modalidades nacionais. Com certeza, iremos escutar de modalidades pouco conhecidas graças a um investimento no esporte nacional e a importação de "figurões" para ajudar no desenvolvimento dos esportes brasileiros. Hoje, 51 estrangeiros, de 20 países diferentes, trabalham diretamente com atletas brasileiros para a Rio-2016. Já foram mais. Só o tiro com arco usou três gringos, um sul-coreano, um inglês e um italiano, para chegar à Olimpíada com um treinador nascido no Brasil.
Cuba cedeu dez treinadores. E o atletismo é a modalidade que mais usou o expediente: são sete estrangeiros trabalhando com atletas brasileiros. E, das dez que não contam com esses profissionais em tempo integral, apenas futebol e vôlei (na quadra ou na praia) dispensam consultoria internacional.
Tudo isso é fruto do ousado projeto olímpico do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para os Jogos do Rio de Janeiro. Quando a cidade foi escolhida como sede do evento em 2016, nasceu o sonho de ficar no top 10 do quadro de medalhas. Para quem nunca ficou entre os 15 primeiros, é um desafio e tanto. Daí a necessidade de uma revolução e a lembrança de Pep Guardiola, o técnico espanhol que está mudando a cara do futebol no mundo. No Barcelona, adotou um estilo de jogo de posse de bola que fez do clube referência na modalidade. Hoje, no Bayern de Munique, prova que é possível ganhar partidas sem escalar zagueiros. Quando Mano Menezes foi demitido do comando da seleção brasileira, no fim de 2012, seu nome foi cogitado. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) preferiu Luiz Felipe Scolari e a Copa do Mundo de 2014 terminou como todos sabem...
O COB evitou essa armadilha. Admitiu que, em algumas áreas, é preciso pedir ajuda. E o Brasil buscou profissionais com um currículo vencedor que poderiam mudar o status quo existente por aqui.
Para os técnicos estrangeiros, tudo começa pela disciplina. Estrela da canoagem, o espanhol Jesus Morlan mudou a sede da seleção brasileira de São Paulo para Lagoa Santa, em Minas Gerais, para que seus atletas vivessem em uma cidade mais tranquila - e com menos tentações. Campeão olímpico após bater o Dream Team, o argentino Rubén Magnano proíbe que seus atletas deem entrevistas logo após as partidas: jogadores só falam com repórteres após uma reunião no vestiário, para evitar polêmicas. O espanhol Rafael Trujillo faz Jorginho Zarif, campeão mundial de vela na Classe Finn em 2013, acordar às 4h30 todos os dias, faça chuva ou sol, para prepará-lo para o duro desafio olímpico.
Nesse contexto, o polo aquático - até então, desconhecido - é sintomático. O croata Ratko Rudic mudou como os brasileiros enxergam o seu estilo de jogo com disciplina e intensidade de treinamento. Na seleção verde-amarela, os jogadores achavam que podiam se virar nas piscinas apenas com talento. Como não eram gigantescos como sérvios ou croatas, se contentavam em ser mais rápidos com a troca de bolas. “Quando ele [Rudic] chegou, a gente achava que o jogo duro dos europeus não era para a gente. Mas, depois de uma semana ou duas de treinos, entendemos que é, sim, o melhor jogo para o brasileiro”, admite Felipe Silva, o Charuto.
Os treinos mudaram. A preparação física foi entregue ao cubano William Morales, ex-preparador físico de Fernando Scherer, o Xuxa, medalhista olímpico da natação. E os brasileiros começaram a nadar, fazer musculação e exercícios específicos dentro da água. Descobrir que o Brasil foi para a academia horas antes de encarar os campeões olímpicos não foi surpresa.
O trabalho, porém, não é só físico: fora da água, existe um código de conduta rígido. A seleção acorda no mesmo horário, toma café da manhã em conjunto, treina lado a lado e dorme ao mesmo tempo. “O Rudic é um dos melhores do mundo e considera esse espírito de equipe importante. E acha que, para termos sucesso, precisamos ser atletas 24 horas por dia”, diz Felipe Perrone.
O carioca é um dos melhores do mundo, mas sempre defendeu a Espanha. Só foi convencido a voltar ao Brasil pelo projeto encabeçado pelo técnico croata. O mesmo aconteceu com o espanhol Adria Delgado e o italiano Paulo Salemi, filhos de brasileiros que defendiam seleções europeias - além disso, o time contará com um croata (Josip Vrlic) e um sérvio (Slobodan Soro), “importados” para posições estratégicas.
Essa mudança de mentalidade pode vir, também, com ações mais sutis. Há três anos, ninguém conhecia Marcus Vinícius D'Almeida. Até a abertura dos Jogos Olímpicos, porém, muita gente vai descobrir que o Brasil tem um dos jovens arqueiros mais promissores do mundo.
Aos 17 anos, ele é a revelação mais improvável do esporte brasileiro. Em 2012, o técnico sul-coreano Lim Heesk foi contratado pela Confederação Brasileira de Tiro com Arco e foi visitar o projeto esportivo de Maricá, que coloca garotos vindos de escolas estaduais para aprender o esporte. O treinador conheceu Marcus e se encantou.
Levou-o para Campinas, no Centro de Treinamento da entidade. Foi aí que a filosofia oriental entrou em ação. Aos 14 anos, o garoto chegava a um ambiente hostil: uma criança em meio a adultos, ele ainda não estava no nível de seus companheiros de seleção. O coreano o deixava separado, treinando sozinho. Só um dia por semana dava instruções específicas. O que levaria a maioria das pessoas a desistir foi positivo para quem tinha talento. “O Lim sempre dizia que eu era criança e me deixava treinando sozinho. Horas e horas”, lembra o atleta. “Um dia por semana, me chamava para dar instruções. A gente conversava com mímicas, porque ele não falava português ou inglês”.
A estadia de Lim no Brasil durou menos de um ano. A barreira linguística nunca foi ultrapassada e a adaptação ao país não aconteceu. Mas seu legado, Marcus Vinícius, perdura. Depois dele, o brasileiro teve mais dois treinadores estrangeiros: o inglês Richard Priestman, duas vezes medalhista olímpico, e o italiano Renzo Ruele. “Cada um dos técnicos trouxe algo novo para nós. Todos evoluíram muito. Usando o Marcus como exemplo, o Lim o trouxe à seleção, o Richard o ajudou a evoluir e o Renzo fez o processo de polimento. Hoje, eu sigo o trabalho, combinando o que aprendemos com eles”, resume Evandro França, o técnico atual. Para quem não sabe, Marcus Vinícius já é vice-campeão mundial e medalhista de prata nas Olimpíadas da Juventude. Títulos conquistados a dez mãos, seis delas internacionais.
Foi com ele (Lim) que aprendi a gostar de treinar, a entender o meu corpo e descobri quem eu era e quem queria ser
Os métodos de trabalho nem sempre levam em conta apenas o didatismo. Um jeito de ser diferente e o choque de conviver com um estrangeiro alteram a vida de um atleta brasileiro. O russo Alexander Alexandrov, da ginástica, que ganhou seis medalhas em Londres-2012, não fala português e tem a fama de ser extremamente rígido. Junte a falta de comunicação a cara de bravo e está formada uma visão de "general".
Quanto à língua, uma vez por semana, conta com uma tradutora. Mas, nos outros dias, o russo faz mímicas, gesticula e bufa, frustrado por não conseguir se fazer entender.
"Ele tem um gênio difícil. E, por não falar português e não conseguir se comunicar, fica ainda mais frustrado. Os técnicos não vão admitir, mas o Alexandrov é um terror para todos eles", conta Georgete Vidor, coordenadora de ginástica feminina da Confederação Brasileira. "A gente vê que ele tenta, se esforça, mas às vezes fica frustrado por não conseguir passar o que está querendo. Mas todo mundo que trabalha com ele percebe que ele traz muita experiência. É o preço que pagamos para ter o melhor técnico do mundo aqui. E acho que estamos fazendo o certo". Alexandrov ignora essa dificuldade: "Não, eu não falo português. Mas isso não é um problema. Tenho pessoas que me ajudam".
Mesmo assim, vai apresentando resultados importantes até agora. Ele é o responsável, por exemplo, pela evolução brasileira nas barras assimétricas, o calcanhar de Aquiles da ginástica tupiniquim. No Mundial de Glasgow, por exemplo, o time somou 51,966, mais de um ponto a mais (50,816) do que no último Mundial do ciclo olímpico passado. Ele fez isso aumentando a carga de preparação física. Deu mais fôlego para que as ginastas conseguissem executar séries mais fortes sem cansar. "Ele exige mais do que nós estávamos acostumados. E isso é positivo quando pensamos em uma evolução global", avalia Alexandre Carvalho, técnico da campeã olímpica da juventude Flávia Saraiva.
"O diferencial do trabalho do Alexandrov é que ele trabalha direto com os treinadores. Passa ideias e filosofias e nós, os técnicos, que ficamos responsáveis a transmitir isso para as atletas", diz Keli Kitaura, técnica de Rebeca Andrade, a outra joia da ginástica brasileira.
Da mesma forma que Alexandrov, Jesus Morlan tem uma mania que trouxe de fora. A fissura por números. E tem aplicado isso desde que chegou com o seu pupilo brasileiro. Isaquias Queiroz tem um perfil parecido com o do arqueiro Marcus Vinícius. Isaquias é candidato a se tornar o principal nome olímpico do Brasil depois de 2016. Ele já tem três títulos mundiais de canoagem e vai remar, na Lagoa Rodrigo de Freitas, para ganhar pelo menos dois ouros.
Morlan é o homem que está levando o canoísta baiano esse nível. Ele já fez isso com a Espanha. Treinando com ele, David Cal se tornou o maior atleta olímpico vivo espanhol, dono de cinco medalhas olímpicas em três edições dos Jogos. Morlan foi o escolhido para moldar Isaquias quando os dirigentes brasileiros viram o atleta, que perdeu um rim ainda criança, ganhar duas medalhas no Mundial Júnior de 2011.
O espanhol chegou em 2013 e começou a mudar o panorama. Comandou treinos em São Paulo por um ano e decidiu que cidade não tinha o que era preciso para formar campeões olímpicos. Visitou seis cidades com grandes cursos de água e escolheu Lagoa Santa, em Minas Gerais, como sede da seleção. Lá encontrou um lugar ideal de treinamento, com características ideais de profundidade de água e ventos, além de isolamento para seus atletas. Mais do que isso, encontrou tranquilidade para fazer suas contas em paz.
E, rapaz, como Morlan gosta de contar... Ele é obcecado por planilhas. Para ele, os números podem responder a todas as questões. Qual a receita para se classificar um atleta para os Jogos Olímpicos? "Para conseguir uma vaga olímpica, é preciso de 4400km remados e 750 horas de treinamentos no ano pré-olímpico. A canoagem é simples. Existem caminhos bem definidos a seguir. Não temos atalhos".
Os atletas perceberam isso. "Todos aqui nunca treinaram tanto", admite Nivalter Santos, dono de um quinto lugar no Mundial de 2013. "Quando o Jesus chegou, vimos que ele, como treinador, ia dar certo. Só pela experiência que ele já tem de campeonatos e Olimpíadas", completa Isaquias.
Em menos de um ano, ele fez do baiano, um talento em Mundiais menores, campeão mundial em uma prova e medalhista em outras duas. Após dois Mundiais, o baiano já é tricampeão mundial e subiu ao pódio seis vezes. Foi campeão em duas provas individuais e em uma em dupla, com Erlon Souza.
Nem tudo nesse plano, porém, funciona perfeitamente. No atletismo, um caso ganhou as manchetes pelos motivos errados. Em junho de 2014, o jovem brasileiro Thiago Braz tentou quebrar o recorde sul-americano do salto com vara na etapa de Lausanne (SUI) da Liga de Diamante. Com o sarrafo a 5,87m, errou na corrida em direção ao colchão, a vara não se encaixou no buraco e ele quebrou a mão ao cair. A queda causou o fim de uma das parcerias mais vitoriosas (e antigas) entre um treinador estrangeiro e o esporte brasileiro. Thiago Braz é um dos frutos do trabalho de Elson Miranda, brasileiro, e Vitaly Petrov, ucraniano. Elson frequentava o CT de Petrov em Formia, na Itália, desde 2001. E recebia o europeu no Brasil desde então, para aprender técnicas de treinamento do salto com vara - uma das provas mais desafiadoras do atletismo. Juntos, lapidaram o talento da bicampeã mundial Fabiana Murer e do campeão Pan-Americano Fábio Gomes da Silva. E revelaram ao mundo Thiago, campeão mundial júnior em 2012, e Augusto Dutra. A fratura, porém, acabou com a dupla. Na competição na Suíça, Thiago executou uma orientação técnica direta de Petrov. Para Elson, o saltador ainda não estava treinado o suficiente para o que foi pedido. A ideia era saltar como estava acostumado e refinar os movimentos antes de usá-los em competição. Após a lesão, os dois técnicos discutiram por telefone. A parceria terminou aí. No Brasil, Elson seguiu treinando Fabiana, Fábio e Augusto. Mas não Thiago. Considerado o mais promissor entre os saltadores, ele foi para a Itália para trabalhar com Petrov. Elson disse que o jovem foi aliciado. Thiago negou. Disse que foi uma opção sua, para seguir com o ucraniano, considerado o melhor do mundo na modalidade - ele moldou Yelena Isimbaeva e Serguei Bubka, os dois maiores nomes da história do salto com vara. Petrov segue sendo técnico brasileiro: ele recebe um salário do Comitê Olímpico do Brasil para trabalhar com Thiago e, em competições internacionais, faz parte do time brasileiro. Mas os saltadores, agora, estão divididos. "Não tenho mais contato com o Petrov e nem pretendo ter. Não tenho mais o que falar com ele".
Imagem: EFE/EPA/WU HONGToda essa ajuda externa faz parte do projeto olímpico do COB para chegar ao top-10 do quadro de medalhas em 2016. "A escolha dos treinadores envolveu discussões com as federações internacionais de cada modalidade. Buscamos os nomes disponíveis, quem teria capacidade de adaptação naquele momento, qual era o perfil do treinador e sua capacidade de trabalhar com atletas em formação. Depois disso, buscamos nos departamentos técnicos de cada federação e fomos fazendo convites. Hoje, temos uma gama de treinadores muito fortes e que está cumprindo seu papel, que é aumentar nossas possibilidades de chegar aos resultados que almejamos", resume Jorge Bichara, gerente-geral de performance esportiva do Comitê Olímpico do Brasil. O investimento total é de R$ 700 milhões em quatro anos. Nem tudo vai para os técnicos. Esse valor engloba, também, viagens, apoio aos atletas e compra de equipamentos. Por isso mesmo, se engana quem pensa que é só chegar com um treinador de ponta que o COB vai contratar. "Às vezes, chegaram técnicos pedindo valores muito altos. Aí não deu para trabalhar. [A contratação] depende de um monte de fatores. Não podemos acertar em todos e nem vamos ter medalhas em todas as modalidades", completa Bichara. Um desses casos é o remo. A Confederação Brasileira iniciou conversas com o inglês Bill Barry, vice-campeão olímpico em 1964 e técnico do medalhista de bronze de Londres-2012 Alam Campbel. Não deu certo: os valores, em dólares, não eram tão altos, US$ 20 mil mensais. Mas quando convertidos a R$ 4,00... A CBR não tinha verba própria e, por ter chances mais baixas de chegar ao pódio em 2016, a modalidade não entrou como prioridade no plano estratégico do COB. Até mesmo a vela, que chega ao Rio-2016 com quatro títulos mundiais no ciclo 2013-2016, foi afetada: a CBVela conta com dois técnicos espanhóis, Javier Torres (Martine Grael e Kahena Kunze) e Rafael Trujillo (Jorginho Zarif). Mas analisa com cuidado a chegada de novos profissionais para os velejadores da prancha a vela (RS:X), Ricardo Winicki e Patricia Freitas. "Essa mudança de câmbio, somada ao momento de crise que a gente tem vivido, dificulta outras contratações. As que nós já fizemos estão mantidas, mas está ficando difícil de trazer novos técnicos nessas condições", explica Torben Grael, bicampeão olímpico e coordenador técnico da vela para o Rio 2016. "Estamos em negociação com a prancha. Eles (Bimba e Patrícia) foram para o Mundial para fazer um teste e a nossa intenção é trazê-los para a Copa Brasil e tentar um acordo aqui", completa. A crise econômica e a alta do dólar também viraram fatores na preparação olímpica. O COB, principal contratante desses profissionais, tem contratos assinados desde o início do ciclo olímpico, com carteira assinada e cotações pré-definidas. Ou seja: a maioria dos técnicos aceitou receber, para trabalhar com os atletas brasileiros, um valor definido, em real, em sua chegada ao país. O problema é que esse valor em moeda estrangeira caiu pela metade com a alta do dólar. No fim de 2012, quando os técnicos começaram a ser contratados, a moeda estava na casa dos R$ 2,00. Em 2015, passou dos R$ 4,00. O francês Jean Maurice-Bonneau, que trabalhava com o time de saltos do hipismo, saiu do Brasil por isso: "Desde setembro a situação ficou muito complicada. Tentamos chegar a um acordo, mas infelizmente não tivemos um final feliz. O momento financeiro é a causa desta situação", afirmou Bonneau em entrevista ao jornal francês L'Equipe.
Imagem: Getty ImagesO grupo de atletas brasileiros com chances reais de chegar ao título olímpico não é tão grande. E três técnicos estrangeiros estão trabalhando com esses atletas. Jesus Morlan é um deles, com o tricampeão mundial Isaquias Queiroz. Outro é Javier Torres, mentor das campeãs mundiais de 2014, Martine Grael e Kahena Kunze. Morten Soubak, técnico do Brasil campeão mundial feminino de handebol, completa o trio.
Além disso, outras três chances de medalha chegam com sotaque estrangeiro. A maior delas é salto com vara, em que Thiago Braz, treinado pelo ucraniano Vitaly Petrov, fechou 2015 como o quarto melhor do mundo. Os outros dois são o basquete masculino, com o argentino Rubén Magnano, e o polo aquático masculino, com o croata Ratko Rudic. A competitividade das duas modalidades, porém, aumenta a dificuldade de chegar ao pódio.
Alguns estrangeiros estão empenhados, também, em encontrar talentos para o futuro do esporte. A japonesa Yuko Fuji trabalha com as categorias de base do judô, que ganhou 15 medalhas no Mundial Júnior nesse ciclo olímpico. Já o russo Alexander Alexandrov, da ginástica, apostou na evolução da campeã olímpica da juventude, Flávia Saraiva, e em Rebeca Andrade, ambas de 15 anos. Tanto os judocas de Fuji quanto as ginastas de Alexandrov devem brilhar, mesmo, em 2020.
O quarto grupo de gringos trabalhando no Brasil tem outro objetivo: criar um ambiente competitivo por aqui. É isso que o cubano Santiago Antunez está fazendo com os barreiristas do atletismo, uma prova em que o Brasil já teve destaque, mas acabou parado no tempo. Já Chris Neill, neozelandês do rúgbi, vai além: como o Brasil nunca se destacou no esporte, ele está criando as fundações para que o esporte se torne popular no país e, então, tenha condições de sonhar com resultados expressivos.
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