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Chineses gastaram mais de US$ 40 bilhões no seu projeto olímpico

Chineses gastaram mais de US$ 40 bilhões no seu projeto olímpico

Brasil chega a Pequim com maior número de campeões mundiais

07/08/2008 - 15h52

China usa os Jogos de Pequim para mostrar a sua nova cara

Lello Lopes
Em Pequim (China)

A China vai mostrar a sua nova cara ao mundo exatamente às oito horas da noite desta sexta-feira (9h da manhã em Brasília), quando dará início à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim. A competição esportiva marca a entrada definitiva do país em uma nova era.

Impulsionada por uma economia que cresce cerca de 10% ao ano, a China se deu ao luxo de gastar mais de US$ 40 bilhões no seu projeto olímpico, construindo estádios magníficos, estradas, linhas de metrô, obras de saneamento básico e o maior aeroporto do mundo.

"Eu conheço a China há algum tempo, e certamente algumas pessoas que viessem para cá dez anos atrás diriam que a China não tinha condições de organizar uma Olimpíada. Você chega na China hoje e percebe a mudança econômica, a mudança na cidade, na infra-estrutura", disse o presidente Lula, que nesta quinta-feira visitou a delegação brasileira na Vila Olímpica de Pequim.

As instalações esportivas realmente impressionam. O Ninho de Pássaro, local das cerimônias de abertura e encerramento, além das provas de atletismo e da final do futebol, e o Cubo D'Água, palco da natação, do nado sincronizado e dos saltos ornamentais, estão entre os mais belos estádios e ginásios do mundo.

Mas a nova China ainda não se livrou dos problemas da antiga China. O ar de Pequim segue irrespirável, apesar de o rodízio de carros ter sido ampliado e boa parte das fábricas ao redor da cidade terem fechado as portas nos últimos dias. Uma névoa densa cobre a cidade e ameaça a saúde dos atletas. Até mesmo a maratona, uma das provas mais importantes do programa olímpico, pode ter sua data alterada por causa da poluição.

Algumas práticas também não foram abolidas. A mania dos chineses de cuspir no chão diminuiu, mas ainda é possível encontrar exemplos pela cidade, principalmente em viagens de táxi mais afastadas do centro.

A censura também se faz presente. Apesar do protesto do Comitê Olímpico Internacional (COI), alguns sites continuam proibidos no centro de imprensa dos Jogos. Manifestações contrárias ao regime chinês, principalmente a favor do Tibete, geram a expulsão do país. Nesta quarta, quatro estrangeiros foram mandados de volta para casa após estenderem perto do Ninho de Pássaro uma faixa pedindo a independência do Tibete.

A questão do Tibete, aliás, continua causando problemas à China. Foi por causa da região que a tocha olímpica foi atacada em seu trajeto até Pequim. Em Paris, a chama sagrada dos Jogos chegou a ser apagada por um manifestante.

Na esfera esportiva, a esperança local é terminar pela primeira vez na liderança do quadro de medalhas. Em Atenas-2004, a China ficou perto de alcançar o feito, terminando na segunda colocação, com apenas três medalhas de ouro a menos que os Estados Unidos. Agora, até mesmo os norte-americanos reconhecem que devem perder a supremacia para os chineses. Sinal de uma nova era que se aproxima.

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