Delegação de 2008 é a mais laureada da história
China usa Jogos de Pequim para mostrar sua nova cara ao mundo
Bruno Doro
Em Pequim (CHN)
Um ciclo completo impulsionado pelo dinheiro da Lei Piva fez o Brasil chegar a Pequim com a delegação mais laureada da história olímpica. Com mais dinheiro para treinamentos e viagens do que no passado, nos quatro anos que antecedem os Jogos Olímpicos chineses, que começam nesta sexta-feira, os atletas brasileiros conquistaram 12 títulos mundiais.
CAMPEÕES MUNDIAIS 2004-08 | |||||||||||||||
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No ciclo de Atenas-2004, o primeiro com dinheiro da Lei Piva, o número já impressionava, com oito títulos em dois anos. Antes, em Sydney-2000 e Atlanta-1996, o Brasil chegou sempre com seis campeões mundiais.
O número de 2008 poderia ser ainda maior se alguns campeonatos que recebem o mesmo tratamento de mundiais pelos atletas brasileiros fossem levados em conta. Somando, por exemplo, os mundiais de natação de piscina curta e o circuito mundial de vôlei de praia, o número sobe para 22 títulos.
Para o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr, a expectativa para o país na China tem a ver com quantidade. "Temos que mirar sempre a superação. E superar o resultado de Atenas será muito bom", aspira.
As grandes estrelas do grupo são os judocas. Modalidade tradicional do país em Jogos Olímpicos, em Mundiais o país não possuía nenhuma medalha de ouro até 2005. Coube ao gaúcho João Derly quebrar o tabu e, no Cairo, no Egito, levar o Brasil pela primeira vez ao topo do pódio na competição - ele ainda acabou eleito o melhor judoca do torneio, em todos os pesos. Em 2007, no Rio de Janeiro, foram mais três títulos, outro com Derly e os outros com Tiago Camilo e Luciano Correa.
Outra modalidade que conquistou seu primeiro título mundial no período foi o taekwondo, com Natália Falavigna. Em 2004, ela chegou perto da medalha olímpica em Atenas, mesmo com o pé quebrado. Um ano depois, não deixou a chance escapar e levou o ouro no Mundial de Madri.
Na vela e na ginástica, o Brasil continuou na elite. Com Daiane dos Santos sem resultados expressivos desde 2004, Diego Hypólito assumiu o posto de estrela da modalidade e conquistou o mundo duas vezes, sempre no solo, em 2005 e 2007. Robert Scheidt, bicampeão olímpico também impressionou: foi campeão na classe Laser em 2005 e na classe Star, ao lado de Bruno Prada, em 2007.
Nenhum deles, porém, chegou tão perto da perfeição quanto o vôlei masculino. Sob o comando de Bernardinho, o Brasil conquistou o bicampeonato mundial, em 2006, no Japão. Com o treinador, desde 2001, o Brasil conquistou 21 títulos. Um detalhe, porém, preocupa: o pior resultado da era Bernardinho veio justamente na última competição antes de Pequim-2008, com o quarto lugar na Liga Mundial.
Mesmo com o histórico contundente, o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, prefere apenas comemorar o que for realizado. "Nas Olimpíadas, os resultados são imprevisíveis. Temos que aplaudir os resultados que eles fizerem", diz o dirigente.