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Judô

Flávio Florido/UOL

Campeão mundial, João Derly lamenta derrota na segunda luta

Perfil de todos os brasileiros da modalidade

15/08/2008 - 07h27

Com três bronzes, judô brasileiro encerra Olimpíadas abaixo das expectativas

Bruno Doro

Em Pequim (China)

Os bons resultados do judô na temporada passada criaram a expectativa de que a seleção nacional teria seu melhor desempenho em Olimpíadas neste ano. A esperança, porém, foi encerrada com a eliminação do pesado João Gabriel Schlittler, que não conseguiu a quarta medalha de bronze da modalidade em Pequim.

Com o resultado final, a melhor campanha do Brasil no judô continua sendo a das Olimpíadas de Los Angeles-84. Na ocasião, a seleção comandada pelo treinador Massao Shinohara - pai de Luis Shinohara, atual técnico do time masculino - terminou a disputa com três medalhas, mas uma de prata (Douglas Vieira) e duas de bronze (Luis Onmura e Walter Carmona). Na época, o judô feminino ainda não era disputado.

JAPÃO CONTINUA COM MAIS OUROS
Charles Dharapak/AFP
O Japão, por sua vez, garantiu o domínio do judô no último dia de lutas em Pequim
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QUADRO DE MEDALHAS DO JUDÔ

Caso João Gabriel subisse ao pódio, a seleção poderia superar o desempenho de 24 anos atrás pelo menos no número de medalhas. No quadro geral, o Brasil tem apenas dois campeões olímpicos, Aurélio Miguel, em Seul-1988, e Rogério Sampaio, em Barcelona-1992.

Em Pequim, a comissão nacional terá de se contentar com a 18ª colocação no quadro geral da modalidade após os terceiros lugares de Tiago Camilo, Leandro Guilheiro e Ketleyn Quadros, a primeira brasileira a conquistar medalha olímpica em uma disputa individual.

"A nossa maior evolução, sem dúvida, foi no feminino. Era um desafio, essa medalha estava pendente e a Ketleyn conseguiu. Só o quinto lugar da Edinanci já seria inédito, mas tivemos ainda a medalha e vencemos mais lutas. Os resultados mostram que evoluímos, como a campanha no Pan-Americano do Rio de Janeiro já mostrava", comentou o coordenador da seleção, Ney Wilson, lembrando as sete medalhas das brasileiras no torneio continental.

O Brasil foi para a China entre os favoritos para conquistar ao menos um ouro no judô. A expectativa foi criada após o desempenho no Campeonato Mundial no Rio de Janeiro, no ano passado, quando João Derly (66 kg), Luciano Corrêa (100 kg) e Tiago Camilo (81 kg) foram campeões. João Gabriel ainda levou o bronze depois de derrotar o japonês Kosei Inoue, considerado um dos maiores judocas da história.

Quase um ano depois, os medalhistas brasileiros do Mundial não corresponderam à pressão colocada sobre eles em Pequim. Tiago Camilo ainda se redimiu da derrota nas quartas-de-final para o alemão Ole Bischof e ficou com o terceiro lugar em grande forma.

Os outros que entraram com o título mundial decepcionaram e ficaram longe da briga pelo pódio. João Derly perdeu sua segunda luta para o português Pedro Dias e nem mesmo voltou à repescagem. Luciano Corrêa, por sua vez, esteve apático no tatame e foi superado duas vezes em Pequim: na estréia, contra o holandês Henk Grol, e na segunda luta da repescagem, contra o polonês Przemyslaw Matyaszek.

O desempenho do Brasil no circuito de Copas do Mundo na Europa em 2008 já dava sinais de que o domínio verde-amarelo do tatame não se repetiria. O país conquistou só um ouro em todas as competições que disputou, com Mayra Aguiar na Polônia. O país foi medalhista mais quatro vezes, com Sarah Menezes em Budapeste, Tiago Camilo e Leandro Guilheiro em Hamburgo e Guilheiro, mais uma vez, em Moscou.

"O judô mundial mudou. A Rússia, por exemplo, sempre foi uma potência e deixa as Olimpíadas sem ganhar nenhuma medalha. A França teve um desempenho abaixo das expectativas. A Geórgia conseguiu um ouro, mas só isso. E era um país em que todos apostavam que poderia surpreender. Além disso, 19 países conquistaram medalhas e isso mostra que nosso resultado, no geral, foi bom", completou Wilson, sendo que na verdade 25 países medalharam no judô em Pequim.

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