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Por que vai ser cada vez mais difícil comprar remédios sem se identificar |

A estratégia de exigir o CPF para formar o histórico individual de saúde de clientes se espalhou por farmácias de grande, médio e pequeno portes no Brasil.

O mapeamento das compras revela dados de saúde e comportamento sexual dos pacientes, os mais protegidos pela LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

O podcast UOL Prime, apresentado por José Roberto de Toledo, traz nesta quinta-feira detalhes da apuração da repórter Amanda Rossi sobre a expansão do uso de informações pessoais de consumidores como estratégia para direcionar propaganda na indústria farmacêutica e no mercado de beleza.

Em busca de descontos, clientes fornecem seus dados em farmácias, mas a redução de valor é fictícia. "O preço real é o preço que você paga já depois do desconto", explica Amanda Rossi.

"É tudo ou nada. Se você não dá seu CPF, vai pagar muito mais num item de extrema necessidade." Ou seja, o fornecimento de dados nos estabelecimentos é opcional, mas a recusa pode gerar prejuízos financeiros.

O uso do histórico de compras para enviar propaganda direcionada é chamado de "retail media" (mídia do varejo).

Essa estratégia é considerada uma nova fronteira da publicidade digital, já que o público é selecionado a partir das compras que fez -o que permite a escolha de grupos de audiência e a visualização de quem tem interesse real de adquirir o produto, além de poder de compra.

As farmácias, os anunciantes e as empresas de tecnologia envolvidas dizem que a operação está conforme a lei.

Em fevereiro, a ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) instaurou processo de sanção contra a RaiaDrogasil, pioneira no uso do histórico de compras para vender anúncios, como revelou o UOL.

O órgão, ligado ao Ministério da Justiça, viu indícios de que a RaiaDrogasil realiza "perfilização comportamental a partir de dados pessoais sensíveis, sem o devido amparo legal, a fim de ofertar publicidade direcionada com contrapartida financeira".

A RaiaDrogasil afirma que 97% de suas vendas são identificadas com o CPF. Isso permitiu o armazenamento do histórico de compras de 50 milhões de pessoas -cerca de um em cada quatro brasileiros.

O modelo de negócio foi seguido pela Pague Menos, a segunda maior rede de farmácias do país em número de lojas, que engloba Pague Menos e Extrafarma. Farmácias menores também estão começando a montar suas próprias operações.

"A prática está ficando mais atraente para o mercado. Se não houver uma regulamentação, vai ser cada vez mais difícil não ter o histórico de saúde coletado nas farmácias", comenta a repórter.

Em março, no Conexão Farma, um dos maiores congressos do setor, duas empresas de tecnologia apresentaram serviços de armazenamento do histórico de compras dos clientes, com foco em farmácias de médio e até de pequeno porte.

O podcast UOL Prime é publicado às quintas-feiras no YouTube do

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