Brasil e Itália, os dois países que dominaram o vôlei masculino mundial nos últimos 20 anos, chegaram aos Jogos Olímpicos de Pequim abalados pelos maus resultados recentes. Os brasileiros tropeçaram na Liga Mundial disputada em casa, enquanto os italianos passaram por uma série de decepções no último ciclo olímpico.
Mesmo assim, superaram os problemas e chegaram às semifinais na China. Nesta sexta-feira, às 9h (de Brasília), farão um clássico para definir quem disputará a medalha de ouro. A outra semifinal será entre Estados Unidos e Rússia.
"Agora está tudo 0 a 0. Estamos onde queríamos estar", resumiu o técnico da seleção brasileira, Bernardinho, que comanda o time desde 2001.
Favorito ao ouro, o Brasil disputa as Olimpíadas sob pressão. No mês passado, o time ficou em quarto lugar na Liga Mundial disputada no Rio de Janeiro, a pior colocação entre todos os torneios realizados na 'era Bernardinho'.
Campeão olímpico, bicampeão mundial e seis vezes vencedor da Liga, o grupo aos poucos se recompôs. O Brasil foi crescendo durante os Jogos Olímpicos de Pequim, apesar da derrota para a Rússia na primeira fase.
"A confiança e a alegria do time vêm crescendo", disse Bernardinho, que minimiza as críticas recebidas pela equipe. "Já detectaram o fim desse ciclo algumas vezes, mas o nosso ciclo deve continuar."
Se no Brasil a desconfiança foi gerada após apenas um resultado ruim, na Itália a situação é pior. Desde os Jogos Olímpicos de Atenas-2004, quando conquistou a medalha de prata, perdendo a decisão justamente para os brasileiros, o time italiano coleciona uma série de fracassos.
Na Liga Mundial, nos últimos quatro anos o melhor resultado do país foi o sexto lugar. No Mundial de 2006, a Itália não passou da quinta colocação. Até mesmo no Campeonato Europeu o time encontrou problemas. Depois do título de 2005, amargou o sexto lugar em 2007.
No período, a Itália trocou de técnico: Andrea Anastasi, que dirigiu o time no final da década de 90 e começo dos anos 2000, assumiu o lugar de Giampaolo Montali. Com Anastasi, os italianos faturaram os seus últimos títulos da série de oito conquistas da Liga Mundial. O país também tem no currículo três títulos do Mundial, mas nunca ganhou um ouro olímpico.
A classificação da Itália para os Jogos Olímpicos foi obtida no sufoco. Depois de fracassar na Copa do Mundo e no Pré-Olímpico Europeu, a seleção italiana ficou com a vaga na sua última chance, o Pré-Olímpico Mundial.
Em Pequim, o time sofreu com mais problemas. O oposto Fei, principal jogador da seleção, torceu o tornozelo esquerdo no jogo contra a Venezuela e é dúvida para a partida contra o Brasil. Mesmo assim, os brasileiros não esperam encontrar facilidade.
"A Itália é muito experiente e está jogando bem. Além disso, o Vermiglio cresceu como levantador. E a gente sempre espera muito da Itália. Vamos entrar em quadra pensando que eles vão jogar bem, que vai ser o jogo da vida deles", disse o ponteiro Giba, capitão da seleção brasileira.
No retrospecto entre as duas equipes, o Brasil leva vantagem, com 26 vitórias e 19 derrotas. Mas nos últimos anos não tem havido equilíbrio: a seleção brasileira ganhou os últimos nove jogos. A última derrota aconteceu na Liga Mundial de 2003.