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13/08/2008 - 07h39

Ascensão meteórica de Eduardo Santos termina a uma luta do bronze

Bruno Doro
Em Pequim (China)
Há oito meses, a única experiência de Eduardo Santos em eventos internacionais se limitava a um sul-americano juvenil, disputado em Brasília. Nem mesmo passaporte o judoca tinha quando foi convocado para o processo de seleção do time olímpico brasileiro.

Flávio Florido/UOL
Eduardo Santos (d) fez boa disputa contra o suíço, mas foi derrotado na bandeira
Flávio Florido/UOL
Brasileiro ri ironicamente após marcação do árbritro a 32 segundos do fim da luta
Flávio Florido/UOL
Após o combate na final da repescagem, o judoca chorou bastante devido à derrota
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O detalhe não fez muita diferença. Em Pequim, ele surpreendeu, venceu três lutas, mais do que Carlos Honorato, medalhista em Sydney-2000, conseguiu em Atenas-2004. Nesta Olimpíada, a ascensão meteórica de Eduardo foi até a final da repescagem, mas o suíço Serguei Aschwanden, vice-campeão mundial em 2003 nos meio-médios, foi demais para ele.

Após um duelo extremamente acirrado de dez minutos, o brasileiro dependeu da escolha dos juízes. E após uma contestável decisão, foi derrotado. "Dei o melhor de mim, mas não tive competência para derrubar o adversário", afirmou o atleta chorando compulsivamente após a luta, sem conseguir falar mais nada.

Eduardo foi bem. O combate foi marcado pela intensa disputa pela melhor pegada. O suíço se afastava do brasileiro, temendo que Eduardo encaixasse um golpe perfeito, como tinha feito em suas três vitórias na China. A 1min22 do fim, os dois foram punidos por falta de combatividade. A um minuto, Eduardo encaixou um golpe, mas o suíço conseguiu se defender. O duelo, então, foi para o golden score.

O início da morte súbita foi conturbado, com problema na cronometragem. Os dois judocas seguiram travando o confronto, lutando pela pegada, mostrando que ambos tinham estudado um ao outro. Com dois minutos, o suíço conseguiu encaixar um golpe, mas Eduardo reverteu. Na seqüencia, em uma técnica de sacrifício de uma perna, o brasileiro quase pontuou duas vezes.

A 32 segundos do final, o juiz central chamou os laterais e aplicou uma punição ao brasileiro, sem explicação, que decidiria o combate. Neste exato instante, o técnico Luis Shinohara, indignado com a marcação, abandonou sua cadeira e saiu como forma de protesto.

Antes de decretar a vitória de Aschwanden, porém, os três árbitros foram chamados à mesa de apoio, como se tivessem sido obrigados a voltar atrás e tirar a punição ao brasileiro. Dito e feito. Mas mesmo com a revisão da falta, eles demonstraram quem iriam favorecer mais tarde. Com pouco tempo para o final, a decisão foi para as bandeiras (hantei) e lá o suíço venceu, escolhido pelos juízes.

Antes, a escalada do judoca tinha passado pela Europa, onde disputou etapas da Copa do Mundo e garantiu sua vaga olímpica. Foi sétimo colocado em Praga, na República Tcheca, e, já olímpico, foi quinto em Moscou, na Rússia. Os resultados podem não ser tão expressivos, mas foram suficientes para recuperar a fé nos médios (90 kg), que passa por uma crise no Brasil.

Seu rival pela vaga, Hugo Pessanha, sofreu uma lesão grave no joelho no ano passado e ainda luta para voltar à boa forma. Carlos Honorato, medalhista de prata em 2000, está em má fase desde Atenas-2004 - no Mundial do Rio de Janeiro do ano passado, por exemplo, não venceu nenhuma luta.

Em Pequim, a abordagem de Eduardo foi a mesma. Mais desconhecido dos brasileiros, ele também não deu importância para os seus rivais. Contra o chinês Yanzhu He e o venezuelano José Camacho, ippons com facilidade.

Veio então o francês Matthieu Dafreville. Mais experiente, ele não conseguiu segurar a força do paulista e só venceu após outra decisão polêmica dos juízes, que deram e retiraram uma pontuação para Santos. Em desvantagem (um yuko e um koka contra um koka), o brasileiro foi para cima e acabou sendo imobilizado.

Sem se abalar com a derrota, ele voltou para a repescagem e venceu o italiano Roberto Meloni, mais uma vez por ippon, com uma técnica de projeção.

Georgiano leva disputa
O georgiano Irakli Tsirekidze ficou com a medalha de ouro no médio e se tornou o primeiro campeão mundial do ano passado a subir no posto mais alto do pódio em Pequim. Ele venceu na final o argelino Amar Benikhlef, grande surpresa do dia. Completaram o pódio o próprio Aschwanden e o egípcio Hesham Mesbah.

Já entre as mulheres, a japonesa Masae Ueno garantiu o bicampeonato olímpico ao vencer a cubana Anaysi Hernandéz na decisão. Ronda Housey, dos Estados Unidos, e Edith Bosch, da Alemanha, ficaram em terceiro.

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