23/07/2008 - 09h02
Pressão de clubes europeus desfalca time de Dunga em Pequim
Rodrigo Mattos e Paulo Galdieri
Da Folhapress
Em São Paulo
A disputa em relação à liberação de jogadores para Pequim mostra o crescimento do boicote de clubes europeus aos times nacionais, que tem reduzido o número de jogadores disponíveis e tempo de treinos do Brasil a cada competição.
Sem Robinho e Kaká, a seleção olímpica se apresentou na terça-feira em Paris aos Jogos, de onde viajaria para Cingapura.
Com isso, o time ficará 16 dias junto, no menor período de preparação dos últimos três Jogos que o Brasil disputou.
Explica-se: a pressão dos times europeus resultou em evolução das normas da Fifa em favor deles, tirando atletas e tempo das seleções. Os clubes ainda avançam na esfera judicial. Werder Bremen e Schalke 04 prometem ir ao CAS (Corte de Arbitragem do Esporte) para questionar a presença de Diego e Rafinha na Olimpíada.
Contra a determinação dos times, eles se apresentaram à seleção. Estão amparados em determinação da Fifa que obrigava os clubes a ceder atletas até 23 anos. "Nós escrevemos para a CBF e para o COI para pedir que o Rafinha não jogue", contra-atacou o gerente-geral do Schalke 04, Andreas Müller.
O Milan já tinha vetado Kaká, o Real Madrid, Robinho, a Roma, Juan. Todos acima de 23 anos e, portanto, não amparados por norma da Fifa. Ronaldinho era barrado pelo Barcelona até se transferir para o Milan.
"A gente sabia que isso [Robinho] ia acontecer. E não podemos convocar ninguém fora da lista de 40 [pré-lista]", afirmou Dunga, irritado, antes de embarcar à Europa.
Em 1996, o técnico Zagallo tinha três atletas acima de 23 anos. Disputou amistosos internacionais _Dunga, não_ e teve 19 dias do time reunido, contra os 16 do atual técnico.
Para a Copa, há a obrigação de liberação. Mas o tempo de preparação tem caído. Nos EUA, em 1994, foram 34 dias, a partir da apresentação. Nos últimos dois Mundiais, 21 dias.
O número de amistosos caiu graças às mudanças nas normas da Fifa, que só obrigam liberação em datas da Fifa e em jogos no continente do clube.
Mais: os times conseguiram que a Fifa pagasse indenização a eles pelo uso de seus atletas nos Mundiais e em Eurocopas.
No acordo, os clubes ainda pediram consolidação das regras de liberação de atletas aos times nacionais. Ou seja, querem restringir o tempo dos jogadores com as seleções.