Após Olimpíada, obras prometidas de legado estão paralisadas no Rio
Passados pouco mais de um mês do fim da Olimpíada de 2016, ao menos três anunciadas como parte do legado do megaevento esportivo para o Rio estão paralisadas. Projetos para a conclusão da Linha 4 do metrô, do corredor de ônibus expressos TransBrasil e para despoluição das lagoas de Jacarepaguá estão parados por falta de recursos ou divergências entre governos e construtoras.
Só o governo do Estado do Rio de Janeiro tem dois projetos de legado suspensos: o do metrô e da despoluição. Nos dois casos, a paralisação deveu-se à falta de recursos. Desde junho, o Estado do Rio está oficialmente em situação de calamidade pública por conta da crise financeira governamental.
O contrato para a despoluição das lagoas de Jacarepaguá, por exemplo, foi oficialmente interrompido pelo governo no final do mês passado. A Secretaria do Ambiente informou que, por causa da crise, os recursos que seriam destinados ao projeto acabaram empregados nos pagamentos de salários e outras contas.
Com isso, a limpeza, que havia sido prometida quando o Rio ainda era cidade candidata à sede dos Jogos de 2016, não tem data para ocorrer. Todo o projeto está orçado em R$ 673 milhões.
Também não tem prazo para ser concluída a estação Gávea da Linha 4 do metrô carioca. A linha, que já consumiu cerca de R$ 10 bilhões, entrou em operação para a Rio-2016. A construção de uma de suas estações, entretanto, está paralisada enquanto o governo “busca fontes de recursos para executar a obra”, informou a Secretaria Estadual de Transportes.
“Só na obra da estação, poderiam estar trabalhando de 2 mil a 3 mil operários”, afirmou o presidente do Sitraicp (Sindicato da Construção Pesada), Nilson Duarte Costa. “O problema é a falta de dinheiro.”
BRT da prefeitura não avança
Outra obra de legado paralisada é a da construção do BRT (Bus Rapid Transit) TransBrasil. Inicialmente, a construção de R$ 1,4 bilhão seria concluída em 2015, ou seja, antes da Olimpíada. Sua conclusão, porém, foi adiada para 2017 por conta de modificações no projeto. Durante a Rio-2016, a execução da obra foi interrompida para que não causasse transtornos ao trânsito.
A previsão era de que a construção fosse retomada em setembro. Até agora, isso não aconteceu. Trabalhadores falam em falta de recursos.
“Dos 1.200 operários que trabalhavam na obra, sobraram só 200. Todo mundo está sendo demitido”, disse Costa, do Sitraicp. “Quem foi dispensado foi avisado que o problema tem a ver com recursos. ”
A prefeitura do Rio de Janeiro diz que o grupo de empresas, liderado pela Odebrecht, contratado para executar o projeto já foi notificado para que volte ao trabalho o quanto antes. O município nega qualquer atraso em pagamentos da obra e promete tomar as medidas cabíveis caso a construção não avance.
Procurado pelo UOL Esporte, o Consórcio TransBrasil declarou que “está tomando as devidas providências junto à Prefeitura para a retomada das obras". Não falou sobre os pagamentos municipais.