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Iraniano perdeu perna na guerra, tentou halterofilismo e deixa dois filhos

Comitê Paraolímpico do Irã
Bahman Golbarnezhad, ciclista do Irã, antes da prova de estrada da Paraolimpíada do Rio imagem: Comitê Paraolímpico do Irã

Daniel Brito

Do UOL, no Rio de Janeiro

O ciclista iraniano Bahman Golbarnezhad, 48, morto após acidente durante a prova de ciclismo de estrada nos Jogos Paraolímpicos do Rio-2016, na manhã do sábado, 17, deixa dois filhos e uma história de vida marcada por tragédias. Ele morreu por volta das 12h30 no Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, de traumatismo craniano.

Golbarnezhad era amputado da perna esquerda, vítima de uma mina terrestre durante a Guerra do Irã-Iraque, que durou oito anos durante a década de 1980. Segundo relatos da imprensa iraniana, ele era soldado a serviço do exército de seu país e pisou no artefato em um dos últimos dias de conflito.

Ele iniciou-se no esporte como forma de reabilitação pela perda do membro. Durante muito tempo, foi atleta do halterofilismo, modalidade bastante difundida no país. Mas sofreu uma lesão no ombro esquerdo e enveredou para o ciclismo há 12 anos. Disputou o Jogos Para-Asiáticos de Incheon-2014, na Coreia do Sul, e o Mundial de Paraciclismo, em Montichiari-2016. A Rio-2016 era sua segunda participação em Paraolimpíadas. Esteve em Londres-2012. Nunca obteve resultados expressivos.

Competir em Incheon-2014 foi outro desafio para Golbarnezhad. O evento ocorreu quatro meses após a morte por câncer da primeira mulher, com quem teve dois filhos. Anos mais tarde, ele casou-se de novo, desta feita com uma atleta do basquete em cadeira de rodas, que não estava classificada para o Rio-2016 e acompanhava a trajetória do marido pela TV na cidade de Shiraz, onde viviam.

“Golbarnezhad era um dos mais dedicados atletas que tínhamos em nossa delegação”, disse Masoud Asharafi, Secretario-Geral do Comitê Paraolímpico do Irã, em entrevista coletiva. Ele também disse em coletiva que Golbarnezhad tinha apenas um filho, mas os relatos dos jornalistas iranianos são de que o atleta deixa dois filhos.

O acidente que vitimou Golbarnezhad ocorreu por volta das 10h30 de sábado, 17, no quilômetro 34 da Avenida Estado da Guanabara, na descida de Grumari. De acordo com Piers Jones, diretor esportivo da UCI (Uniâo Ciclística Internacional), uma das responsáveis pelo percurso, o trecho em que Golbarnezhad se acidentou não era o de maior dificuldade. O iraniano perdeu o controle da bicicleta numa curva em descida, bateu na calçada, voou sobre uma mureta de proteção, caiu de cabeça numa vala próximo a uma segunda mureta. Foi dado início a uma investigação para apontar as causas do acidente.

Na cerimônia de encerramento dos Jogos Paraolímpicos-2016, na noite de domingo, 18, no Maracanã, será respeitado um minuto de silêncio. Bandeiras do Irã e do IPC (Comitê Paraolímpico Internacional) estão a meio mastro.

Golbarnezhad tornou-se o primeiro atleta da história a morrer durante uma prova dos Jogos Paraolímpicos.

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