Paraolimpíadas

"A era dos nadadores multi-medalhistas está no fim", diz técnico brasileiro

Buda Mendes/Getty Images
Daniel Dias conquistou os únicos dois ouros do Brasil na natação imagem: Buda Mendes/Getty Images

Daniel Brito

Do UOL, no Rio de Janeiro

Lá se vão três dias desde que um atleta brasileiro conseguiu colocar a bandeira do país no ponto mais alto do pódio nas provas de natação dos Jogos Paraolímpicos do Rio-2016. Desde o ouro de Daniel Dias nos 50m livre na segunda-feira, 12, a delegação dona da casa amarga um incômodo jejum de campeões paraolímpicos.

Não que o Brasil não tenha conquistado medalhas desde então, já foram quatro de segunda-feira, 12, até quinta-feira, 15. Como a conta do CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro) é feita pelo total de ouros, láureas de bronze ou de prata tem força reduzida na busca pela meta de terminar entre os cinco melhores no quadro de medalhas.

Para isso, a expectativa era que dois dos maiores atletas do movimento paraolímpico nacional, Daniel Dias e André Brasil, pudessem dar, juntos, nove ouros ao CPB. A performance deles em Londres-2012 foi rigorosamente esta: nove ouros ao Brasil. Porém, restando mais dois dias de provas na Rio-16, já se sabe que não será possível repetir o desempenho. Dias conquistou os dois únicos ouros brasileiros na piscina do Estádio Aquático, além de três pratas e um bronze. André, duas pratas e um bronze.

Para o técnico da seleção brasileira de natação, Leonardo Tomasello, sinal dos tempos. “Minha opinião é que esta é a última geração dos multi-medalhistas. Vai ser cada vez mais difícil ter caras como Daniel Dias, André Brasil, que são caras que ganham todas as provas que disputam”, comentou Tomasello, entre um pódio e outro. “Não está acontecendo só com os nossos nadadores. Porque o treinamento está cada vez mais específico, cada vez mais difícil nadar uma prova de 50 m e de 400 m e depois uma de 100 m. Tem que treinar mesmo para uma metragem específica ou um estilo específico, essa é a tendência”.

A opinião do treinador vai ao encontro do discurso dos dois ícones da natação nacional. Após conquistar a prata nos 100 m livre na terça-feira, 13,  André Brasil falou: “Depois do Rio-2016, vou me programar para nadar duas provas individuais e o revezamento. E acabou”, prometeu o atleta nascido no Rio há 32 anos. Ele estava inscrito em seis provas na Rio-16, porém quando o evento acabar só terá disputado cinco, porque abriu mão dos 200 m medley, no domingo, 11.

Daniel Dias também dá sinais de que as nove provas em que entrou na Rio-16 estão pesando. Muitos de seus principais rivais reduziram o programa de provas para tentar batê-lo dentro de suas especialidades. “Fomos surpreendidos por atletas que não conhecíamos: os ucranianos e todos os chineses. São atletas que a gente não sabia o que iria fazer aqui. Daniel Dias ganhou dos adversários que ele costuma ganhar, mas perdeu para um chinês que era desconhecido, por exemplo", citou Tomasello.

Após nadar sua quinta prova, na segunda-feira, 12, quando foi ouro nos 50 m livre, Daniel revelou que o cansaço começava a incomodá-lo. Ele ainda tem chance de conquistar mais dois ouros, em um revezamento e uma prova individual. Conseguiu descansar nos últimos três dias, mas ainda assim é difícil alcançar 100% de aproveitamento diante do cenário competitivo que se apresenta nesta edição dos Jogos Paraolímpicos.

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