Paraolimpíadas

Campeão da Índia ainda paga por operação que salvou sua vida

A.Tomura/Getty for Tokyo 2020
Mariyappan Thangavelu, da Índia, ouro no salto em altura T42 imagem: A.Tomura/Getty for Tokyo 2020

Do UOL, em São Paulo

O saltador Mariyappan Thangavelu venceu, na sexta-feira, o salto em altura da classe T42 das Paraolimpíadas do Rio de Janeiro, com a marca de 1,89m. Foi a primeira medalha de ouro da Índia desde 2008, em Olimpíadas ou Paraolimpíadas – é apenas o 3º título paraolímpico da história indiana.

Em um país em que as conquistas são tão raras, o primeiro lugar de Thangavelu foi comemorado. A hashtag “paralympics” entrou nos trending topics do Twitter na Índia e celebridades parabenizaram o saltador. Nenhuma das mensagens, porém, foi tão importante quanto a da governadora do estado de Tamil Nadu, Jayaram Jayalalitha.

Em carta enviada após a conquista, a política anunciou que o estado daria a mesma premiação prometida para os atletas olímpicos para os paraolímpicos. "Que você siga sempre forte e seja um farol de esperança para todos que buscam o sucesso no campo escolhido, superando qualquer adversidade", dizia o comunicado. Isso significa que o saltador vai embolsar 7,5 milhões de rupias indianas, mais de R$ 350 mil – mais do que suficiente para pagar as dívidas que a mãe contraiu para as operações que salvaram sua vida e permitiram que ele se tornasse um atleta paraolímpico.

Quando tinha cinco anos, Mariyappan foi atropelado a caminho da escola. Um motorista bêbado perdeu o controle do ônibus e ele passou por cima do garoto. O joelho direito foi destruído. “Minha perna ficou paralisada. Nunca cresceu. Eu tenho a perna do mesmo tamanho de quando tinha cinco anos”, contou o saltador ao jornal indiano The Hindu antes dos Jogos.

A mãe, Sorjana, teve de ir atrás de ajuda para o filho conseguir ter uma vida próxima do normal. Vendedora de verduras em uma bicicleta, nunca teve muito dinheiro para os filhos. Mesmo assim, pediu um empréstimo de quase R$ 14 mil para pagar as operações para que Mariyappan voltasse a andar. “Até hoje estamos pagando. É uma vida difícil, mas vamos nos virando”, admitiu o atleta.

Aos 22 anos, o indiano mostrou talento para o vôlei na escola. Os pulos para acertar a bola, porém, chamaram a atenção de um treinador, que o convidou para o atletismo. Em pouco tempo, Mariyappan chegou à elite de sua prova no esporte paraolímpico. Em 2015, já treinando no centro paraolímpico indiano, se tornou número 1 do mundo. O título do Rio de Janeiro apenas confirma sua ascensão no esporte.

Antes de sair da Índia rumo ao Brasil, ele avisou que seu próximo objetivo, depois das Paraolimpíadas, seria conseguir um emprego. Ele é formado em administração. “Para ajudar minha mãe”. O prêmio pelo ouro o permitiu fazer isso antes mesmo de começar a trabalhar.

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