Primeiro ouro como protagonista confirma papel de Wallace no vôlei nacional
Em Londres-2012, Wallace era uma das novidades na seleção masculina brasileira de vôlei. Começou a competição como reserva, ganhou vaga entre os titulares durante a fase decisiva e terminou como destaque a campanha que rendeu ao país a prata olímpica. Na Rio-2016, o jogador de 29 anos resolveu desde o início: foi o maior pontuador em seis das sete partidas da equipe nacional, brilhou nos momentos mais agudos (foram 20 pontos apenas na decisão) e se consolidou como principal atacante do time que levou o ouro. Completou a transição de revelação a protagonista. Agora, a missão de Wallace é ser o futuro.
O título foi a primeira conquista relevante de Wallace como titular da seleção brasileira. O time nacional não vencia os Jogos Olímpicos desde 2004, e não obtinha sucesso em qualquer competição importante desde 2010. Depois do vice-campeonato na Liga Mundial de 2016, o oposto chegou a admitir que se incomodava com o jejum.
“O que essa equipe treinou não está escrito. É por isso que a gente ficava chateado: a gente treinava como cavalos, mas no momento decisivo não conseguia pegar a medalha de ouro”, explicou o oposto após o ouro olímpico.
A campanha vitoriosa do Brasil na Rio-2016 foi a despedida do líbero Serginho, 40, um dos esteios da equipe em diferentes âmbitos – além da segurança defensiva, o jogador é um dos líderes do elenco e contribui sobremaneira no aspecto emocional. Cortado dos Jogos por questões físicas, o ponteiro Murilo Endres, 35, é outra referência do grupo que não vai integrar a seleção no próximo ciclo olímpico. Mais do que nunca, Wallace será o alicerce da equipe nacional.
“Posso resumir? Ele é o melhor jogador do mundo. O que ele fez nesta Olimpíada foi incrível. Carregou o time nas costas”, analisou o levantador William Arjona, 37, companheiro de time de Wallace no Sada/Cruzeiro há seis temporadas. “Foi o principal oposto da competição. É um exemplo claro de jogador excepcional”, completou o também levantador Bruninho, 30.
Wallace tem “apenas” 1,98 m, altura que nem de longe é destaque entre os principais opostos do planeta. Em contrapartida, compensa com impulsão fora do comum, o que rendeu a ele o apelido “cubano” – referência ao estilo mais comum entre os atacantes do país caribenho.
O estilo de ataque do oposto é diferente de todas as outras opções ofensivas da seleção brasileira atual. Além disso, Wallace é destaque pelo aproveitamento, o que faz dele uma alternativa sempre mais segura para o levantador. “A questão de pontos não me interessa muito. A efetividade é muito melhor do que quantos pontos eu faço”, disse o oposto após o título olímpico.
“Eu amadureci e cresci como jogador desde 2012. Deixei de fazer coisas que eu fazia e fiz coisas que eu não fazia naquela época. São mudanças que você ganha com a idade”, completou Wallace.