Boxe

Affair fez sobrinho de Sotomayor trocar de país e reviver sua carreira

REUTERS/Matthew Childs
Fazliddin Gaibnazarov, do Uzbequistão, vence o Sotomayor Collazo e conquista a medalha de ouro imagem: REUTERS/Matthew Childs

Eduardo Ohata

Do UOL, no Rio de Janeiro

Sobrinho do ex-campeão olímpico no salto em altura e ídolo cubano Javier Sotomayor, Lorenzo, 31, há cerca de 2 anos estava fora da seleção cubana de boxe, ganhando trocados na rua como marreteiro. Na tarde deste domingo (21), ficou com a medalha de prata dos meio-médios-ligeiros (limite até 64 kg) na luta contra Fazliddin Gaibnazarov, do Uzbequistão.

A grande virada na carreira de Lorenzo Sotomayor aconteceu quando conheceu, e se apaixonou, por uma garota russa que visitava Cuba, mudou-se com ela para o Azerbaijão, e lá tornou-se ídolo graças, claro, graças aos punhos ao conquistar o título nos Jogos Europeus, e aos pés (é um ótimo dançarino).

“Eu gostei dela”, lembra Sotomayor, antes de ser “encostado” em Cuba, chegou a ser um destaque dos ringues do país. “[A garota russa] perguntou se eu queria ir para o Azerbaijão, e eu respondi que estava OK, se fosse por apenas um tempo.”

Coincidência, ou não, quem Sotomayor encontrou à sua espera no Azerbaijão, foi o ex-treinador da base cubana Pedro “Peter” Roque Otaño, que deixou Cuba após um episódio misterioso que acabara com o seu rebaixamento a faxineiro.

O boxeador se tornou cidadão do Azerbaijão, conquistou no ano passado o título de campeão dos Jogos Europeus, e até prestou continência às autoridades de seu novo país. Sua habilidade com os pés -como dançarino- e sua simpatia, além das conquistas no ringue, o transformaram em ídolo nacional.

Já na Rio-2016, no caminho até a luta que valia o ouro, passou pelo ex-compatriota Yasnier Toledo, nas quartas-de-final da Rio-2016, a quem venceu por decisão unânime.

Mas se engana quem acha que os cubanos odeiam Sotomayor. Ele tem as portas abertas para retornar à ilha caribenha, e sua página no Facebook traz a torcida de muitos cubanos ainda o apoiam, especialmente os de Pinar del Rio, sua cidade natal: “[O ouro olímpico] é seu, há muitos corações torcendo por você”, escreve uma amiga, em castelhano. Outra informa o boxeador de que “Hoje haverá festa em Pinar”.

Entre os sites preferidos de Sotomayor estão os que trazem notícias de Cuba, como “CiberCuba Notícias” ou “Notícias de Cuba Hoy”.

Sobre o tio famoso, Sotomayor reconhece que foi uma “inspiração”, e explica porque preferiu calçar as luvas de boxe ao invés de seguir uma carreira no atletismo.

“No bairro onde vivia, foi mais útil aprender a brigar do que correr...”, resumiu Sotomayor, um dos pugilistas cotados pela Associação Internacional de Boxe, segundo o UOL apurou, para participar de eventual desafio envolvendo um campeão olímpico frente a um campeão dos ringues profissionais.

Últimas medalhas do boxe na Rio-2016

O boxe dos Jogos Olímpicos teve quatro finais neste domingo. e o país que se deu melhor foi o Uzbequistão. Além do ouro de Gaibnazarov, que venceu Lorenzo Sotomayor, Shakhobidin Zoirov venceu Misha Aloian (RUS) na categoria peso mosca masculino (até 52 kg). Maria Shields (EUA) venceu a holandesa Nouchka Fontijn no peso médio feminino (69-75 kg). E o francês Tony Yoka derrotou Joe Joyce (GBR) nos superpesados (+91 kg).

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