Perto ao Maracanã, torcedor do Timor está "maravilhado por ver Olimpíada"
Quem tem dúvidas sobre o caráter global de uma Olimpíadas poderia ter dado um pulo no Maracanã hoje. Não no estádio apinhado de brasileiros e estrangeiros acompanhando a final olímpica, mas nos botecos ao redor dele.
O local em questão é um destes pé sujos, na rua Isidro de Figueiredo, que Blasco Quefi, do Timor Leste, acompanhava a partida junto com outros dois amigos. O Timor Leste é um pequeno país que se tornou independente da Indonésia após uma sangrenta guerra civil. Sua língua nativa é o português, e é por meio dela é que Blasco se diz "maravilhado com a oportunidade de ver uma Olimpíadas de perto".
O estudante de 24 anos vive em Fortaleza desde 2012 e, entre urros e xingamentos da torcida no bar, conta que sua lembra mais nítida dos tempos de guerra são da presença dos militares indonésios e sua violência quando o Timor decidiu propor um plebiscito pela independência. Blasco conta que perdeu um tio, morto pela repressão, e que apesar da pouca idade entendia muito bem o que se passava.
"Meus pais eram a favor da independência e faziam questão de me explicar", diz.
Apesar do assunto sério, Blasco não perde a chance de cornetar Neymar, que para ele "reclama demais" apesar de decisivo. O timorense, que já passeou pelo Brasil durante a Copa do Mundo, jamais havia saído do Timor antes de 2014.
"Meus pais são agricultores, não tiveram as mesmas oportunidades. Minha maior dificuldade aqui é a saudade deles", diz o estudante de Química.
Com o fim do tempo normal, ele se despede e segue para o Maracanã ainda com alguma esperança de conseguir entrar no estádio. Pra quem já veio de tão longe, quem sabe.