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Perto ao Maracanã, torcedor do Timor está "maravilhado por ver Olimpíada"

Daniel Lisboa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Quem tem dúvidas sobre o caráter global de uma Olimpíadas poderia ter dado um pulo no Maracanã hoje. Não no estádio apinhado de brasileiros e estrangeiros acompanhando a final olímpica, mas nos botecos ao redor dele.

O local em questão é um destes pé sujos, na rua Isidro de Figueiredo, que Blasco Quefi, do Timor Leste, acompanhava a partida junto com outros dois amigos. O Timor Leste é um pequeno país que se tornou independente da Indonésia após uma sangrenta guerra civil. Sua língua nativa é o português, e é por meio dela é que Blasco se diz "maravilhado com a oportunidade de ver uma Olimpíadas de perto".

O estudante de 24 anos vive em Fortaleza desde 2012 e, entre urros e xingamentos da torcida no bar, conta que sua lembra mais nítida dos tempos de guerra são da presença dos militares indonésios e sua violência quando o Timor decidiu propor um plebiscito pela independência. Blasco conta que perdeu um tio, morto pela repressão, e que apesar da pouca idade entendia muito bem o que se passava.

"Meus pais eram a favor da independência e faziam questão de me explicar", diz.

Apesar do assunto sério, Blasco não perde a chance de cornetar Neymar, que para ele "reclama demais" apesar de decisivo. O timorense, que já passeou pelo Brasil durante a Copa do Mundo, jamais havia saído do Timor antes de 2014.

"Meus pais são agricultores, não tiveram as mesmas oportunidades. Minha maior dificuldade aqui é a saudade deles", diz o estudante de Química.

Com o fim do tempo normal, ele se despede e segue para o Maracanã ainda com alguma esperança de conseguir entrar no estádio. Pra quem já veio de tão longe, quem sabe.

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