Baladas e celebridades

Antes da ferveção, Lapa vibra com ouro brasileiro no futebol

Alexander Vestri/UOL
Torcedores acompanham Brasil x Alemanha, final do futebol na Rio-2016, na Lapa imagem: Alexander Vestri/UOL

Alexander Vestri

Do UOL, no Rio de Janeiro

O movimento nas ruas da Lapa durante a final do futebol entre Brasil e Alemanha na Rio-2016 pouco se assemelhava ao clima pulsante que o bairro tem vivido nas madrugadas olímpicas. Ponto de encontro de turistas e cariocas para festas, o local não se tornou o estádio a céu aberto como esperado. Apesar de bares cheios, o clima era contido, sem euforia.

Apenas dois bares concentravam a maioria do público interessada no jogo. Na rua, um ônibus de uma empresa de turismo carioca transmitia o jogo para um público de cerca de 50 pessoas.
 
O holandês Rick De Haan era um dos que acompanhava a partida pela tela no veículo ao lado de amigos. "Vimos um ônibus passando o jogo e pensamos 'que inusitado'. Então paramos aqui", contou. A torcida do grupo era pelo país anfitrião. "A Holanda tem uma rivalidade com a Alemanha desde a Copa de 74, quando eles [na época, Alemanha Ocidental] nos venceram na final por 2 a 1. Então estamos torcendo por vocês", garantiu.
 
A escolha pela Lapa aconteceu também por se sentirem um pouco mais em casa. "Aqui tem essa mentalidade de beber e dançar na rua, o que lembra bastante nosso país".
 
Os ingleses Robert Peston e Steven Booth pretendiam aproveitar o dia de folga para relaxar. "Acho que escolhemos o lugar errado para relaxar. Estamos tentando achar um lugar para sentar, mas está tudo lotado por causa do futebol", disseram irritados os trabalhadores da OBS, empresa responsável pelas imagens dos Jogos.
 
Os brasileiros, muitos vestindo uniformes e enrolados em bandeiras, assistiam a final com tranquilidade. No momento em que a partida estava 1 a 1, a paulistana Paula Klein garantia que não se importava com o resultado, mas estava grata pois o Brasil não estava sendo humilhado. Já Natalie Leschot, de Campinas (SP), contou que o 7 a 1 a deixou traumatizada. "Estava na França, em um bar de alemães quando levamos a goleada. Foi uma humilhação, fomos muito vaiadas. Por isso hoje nem quis vestir o uniforme do Brasil, achei que daria azar".
 
Clima quente no fim
Os ânimos começaram a inflamar apenas quando o jogo foi para os pênaltis. O público passou a se manifestar com gritos de "eu acredito" e "vamos ganhar, Brasil", e a euforia foi liberada de vez com a defesa de Weverton e, em seguida, o gol de Neymar, que selou a conquista do ouro. 
 
Únicos alemães em um dos bares, Angela Elsasser e Karl Funke, aplaudiram o resultado. "Queríamos que o Brasil vencesse, mas por pouco", brincou o alemão. Eles garantiram que não tiveram medo da reação dos brasileiros em caso de nova vitória germânica. Mas por via das dúvidas, estavam torcendo pela vitória brasileira. "Nós viemos para cá justamente para estar com os brasileiros, ver a torcida deles. Mas acho que o resultado foi melhor para manter a atmosfera pacífica. Se a Alemanha tivesse feito mais um gol, acho que teria saído de fininho do bar", disse.
 
Depois da vitória brasileira, Sebastian e Christopher Nink, pai e filho alemães, chegaram à Lapa, onde estavam hospedados. Vindos do Parque Olímpico, onde acompanharam a final dos saltos ornamentais masculino (plataforma de 10m), não assistiram aa final. No curto trajeto dos Arcos até o apartamento, ouviram algumas brincadeiras e gritos, sem entender o motivo. Quando o UOL Esporte explicou que o Brasil tinha acabado de vencer a Alemanha na final, permaneceram inabalados. "Não nos importamos com isso. Nas Olimpíadas, o futebol está longe de ser o tópico principal", afirmou o pai.

Para torcedor, Brasil "lava a alma" com vitória em jogo contra Alemanha

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