Atletismo

Jamaicanos tiram onda, admitem pouco treino e dizem que EUA sentiu pressão

Cameron Spencer/Getty Images
Usain Bolt comemora a vitória da Jamaica no revezamento 4x100 m imagem: Cameron Spencer/Getty Images

Gustavo Franceschini e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

Era uma final olímpica e ninguém tinha muita dúvida do que iria acontecer. Ao fim do revezamento 4x100 m livre no Rio de Janeiro, como já havia ocorrido nas duas Olimpíadas anteriores, a Jamaica venceu sem muito esforço. A folga é tão grande que Usain Bolt e companhia podem tirar onda. Na madrugada de sábado, os quatro campeões entraram dançando na coletiva de imprensa, admitiram que treinaram pouco e disseram que os EUA sentiram a pressão.

“Eles estão mais focados em nos bater do que em fazer uma corrida apropriada”, disse Asafa Powell quando lhe perguntaram sobre o desempenho do time americano, desclassificado por um erro com o bastão justamente na passagem de Justin Gatlin. Enquanto o companheiro falava, Usain Bolt sussurrava a palavra “pressão” no microfone. “E sim, eles sofreram com a pressão”, completou Powell.

O clima entre Bolt, Powell, Yohann Blake e Nickel Ashmeade era o de quem sabia o tamanho do que havia feito. Com o ouro no Rio de Janeiro, a Jamaica consolida uma dinastia em uma prova historicamente dominada pelos EUA. Das 24 edições olímpicas do 4x100 m livre, 15 foram vencidas pelos americanos, que chegaram a emendar oito conquistas consecutivas – o país do Caribe foi o primeiro a levar o ouro em sequência.

E os jamaicanos fazem questão de deixar claro que a conquista veio sem tanto esforço. Quando um jornalista perguntou ao quarteto quantos vezes eles treinaram juntos para a prova, arrancou sorrisos dos velocistas. “Não muitas. Usain fez uma sessão e nós fizemos duas ou três no ano todo”, disse Asafa Powell.

A abordagem é bem diferente da que tiveram, por exemplo, os japoneses, medalhistas de prata no revezamento que não classificaram nenhum atleta para a final individual. A vantagem dos asiáticos, na comparação com os rivais diretos pela prata, é justamente a agilidade na passagem do bastão que os jamaicanos conseguem compensar com a excelência individual, especialmente de Usain Bolt.

“Esses caras são muito disciplinados, confiam no companheiro e executaram muito bem, por isso ganharam a medalha de prata”, disse Bolt, com a convicção de quem sabia que o ouro já tinha dono.
 

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