Olimpíadas 2016 - Vê TV

Após resultado histórico, gêmeas do nado querem se dedicar à TV

Divulgação/Adidas
Bia e Branca Feres ajudaram o time brasileiro de nado sincronizado a ficar em sexto na Olimpíada imagem: Divulgação/Adidas

Adriano Wilkson

Do UOL, no Rio de Janeiro

Bia e Branca Feres se orgulham de fazer tudo sincronizado. As irmãs acabam de alcançar um resultado histórico pro esporte delas. Ao lado de outras sete atletas do time brasileiro de nado sincronizado, tiveram o melhor resultado desse esporte em Olimpíadas: o sexto lugar na apresentação por equipes, conseguido na última sexta-feira (19).

As duas, com 28 anos, anunciam que agora estão prontas para uma mudança ainda maior. Depois de realizado o sonho olímpico, pretendem deixar a seleção nacional e se dedicar mais à carreira na TV. Já foram apresentadoras na MTV, na Band e na Globo.

“Já realizei meu sonho que era participar de uma Olimpíada”, disse Bia, “e agora quero realizar outros sonhos. Ter uma família, me realizar profissionalmente, aprender outras coisas. Diversificar a minha vida. Viver só do esporte não dá. Cansa.”

A seguir trechos da entrevista com as gêmeas do nado:

UOL Esporte: A que creditam esse bom resultado no Rio?

Bia: Foi muito treinamento e a colaboração de toda a comissão técnica. As três técnicas brasileiras, a Maura [Xavier], a Magali [Cremona] e a Gláucia [Soutinho], estavam muito envolvidas e souberam tirar o melhor da equipe.

Branca: Eu amo a Júlie [Sauvé, canadense oito vezes medalhista olímpica]. Eles não a mantiveram, veio só por um período, mas aprendemos muito com ela. Também trabalhamos com as russas. Cada cultura tem seu estilo e nos ajuda de uma maneira diferente.

Quando decidiram que queriam competir em 2016?

Bia: Quando a gente foi a trabalho pra Londres entramos no parque aquático e falamos: ‘Estamos no lugar errado! Não tem como ter Olimpíada no Rio e a gente não estar competindo.”

Branca: Aí fizemos a seletiva, voltamos pra seleção, e foi mais uma jornada pra tentar se manter, pegar a vaga. Muitas meninas estavam treinando mas só nove chegariam no final.

Flávio Florido/Exemplus/COB
imagem: Flávio Florido/Exemplus/COB

E então abdicaram da carreira na TV?

Bia: Quando a gente decidiu voltar pra seleção, resolveu parar tudo. Mas depois, já na seleção, a Globo nos chamou pra fazer um teste pro Vídeo Show. Passamos, mas falamos pra eles que o nosso objetivo principal era o nado sincronizado e que pra gente trabalhar lá tinha que ser dentro daquele padrões.

Branca: A gente já voltou [pra Globo] com tempo contado pra sair. Quando começaram as competições e as viagens internacionais paramos tudo.

Bia: A TV foi uma coisa que apareceu na nossa vida.

Branca: E que a gente curte muito.

Bia: Curte muito, mas nunca foi atrás. Apareceu por conta da nossa exposição no Pan de 2007 e descobrimos que gostamos.

Mas não ao ponto de abdicar do esporte...

Bia: Isso. A prioridade durante muito tempo foi esporte, depois deixou de ser, e depois foi de novo quando decidimos voltar pra seleção.

Pretendem iniciar o ciclo pra Tóquio-2020?

Branca: Não!

Bia: A prioridade somos nós, ter vida.

Branca: Ter vida, se cuidar. Voltar a trabalhar na TV.

Bia: Não vamos nos dedicar exclusivamente à TV, vamos continuar nadando. Temos 21 anos de nado sincronizados, e chega uma hora que você quer realizar outras coisas na sua vida. Já realizei meu sonho que era participar de uma Olimpíada e agora queremos realizar outros sonhos. Quero ter uma família, quero me realizar profissionalmente, quero aprender outras coisas, quero...

Branca: Viajar!

Bia: Diversificar a minha vida. Viver só do esporte não dá. Cansa.

Getty Images
imagem: Getty Images

Tiveram que abdicar de muita coisa para se dedicar à Olimpíada?

Bia: As pessoas não têm a menor noção, é muito cansativo. Treinamos seis vezes por semana, oito horas por dia. Viagem o ano inteiro...

Branca: Reunião de família que a gente deixa de participar. Aniversário de amigo, formatura, casamento, nada a gente consegue participar.

Quem vê a apresentação do nado sobre a superfície não imagina o que acontece embaixo d’água.

Bia: Durante o treinamento acontecem uns acidentes, rola de dar chute, cotovelada. Dá uma machucadinha. Já abri o supercílio, quebrei o dente, saí com canela roxa, uma já perfurou o tímpano...

Vocês passam maquiagem na pele pra ficarem todas parecidas?

Bia: Eu não passo porque minha tonalidade de pele é mais parecida com as outras, mas a gente tenta ficar o máximo possível igual. Tatuagem tem que cobrir. Se você for um pouco mais branca ou um muito mais morena, não tem jeito, o olho vai pro que é diferente. É natural. Tentamos ficar sempre iguais pra parecer até mais sincronizado.

Estamos vivendo uma transição do nado sincronizado mais artísticos para um negócio mais esportivo?

Bia: Eles querem deixar mais com cara de esporte e menos show. Por isso também que estão abrindo pra homens competirem. Porque tem vários esportes que querem entrar nas Olimpíadas e pra entrar alguém, alguém tem que sair. Uma modalidade que é só de um sexo tende a ser um pouco mais fraca. Já tinham homens praticando mais ainda não era oficial.

Branca: Nosso esporte é pra todos, é muito legal isso.

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