Atletismo

'Gringos' se rendem ao churrasquinho brasileiro na porta do Engenhão

Luis Augusto Simon/UOL
Torcedores se rendem ao churrasquinhos nos arredores do Engenhão durante a Olimpíada imagem: Luis Augusto Simon/UOL

Luis Augusto Simon

Do UOL, no Rio de Janeiro

Em Copacabana, Leme ou no Leblon, tem gringo na praia. No entorno do Engenhão, o sucesso é outro: o churrasquinho. Do portão leste ao Norte, havia pelo menos quatro pontos de venda. Os quitutes estavam sendo preparados, à espera dos famintos que deixariam o estádio após as provas de atletismo.

Se o churrasquinho é o item principal, cada um dos quatro apostou em algo diferente para atrair a clientela. João Pedro, garoto de 13 anos, abriu a porta da garagem e oferece torta de queijo de sobremesa. “Eles vieram atraídos pela sobremesa e caíram no churrasco. A venda está boa e ninguém reclama de nada.”

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imagem: Luis Augusto Simon/UOL

Praticamente ao lado, Vicente tem água de coco gelada. “Vim do Maranhão para o Rio. Lá, eu vendia sorvete e é o que eu quero aqui também. O capital vai vir dos gringos no churrasco. Tenho faturado R$ 1 mil por dia.”

O Bar do Quinha tem um esquema mais profissional. “Se o cara não gosta de churrasquinho, não resiste à empada de frango”. O que impressiona Quinha é a voracidade dos clientes. “Eles já chegam pedindo dois. Olham com desconfiança, mas quando experimentam a farofa, fica tudo mais fácil para vender.”

Bruno Calassara abre a garagem de casa para vendas em dias de jogos do Botafogo. Para atender à clientela estrangeira, fez um cartaz em inglês e diversificou a oferta. “Além do espetinho de carne e de frango, estou vendendo medalhão com bacon e ameixa e até almondega com queijo no espeto.”

O churrasquinho com certeza estava tendo mais saída do que a salvação eterna, oferecida por Lohan de Sousa, desempregado de 21 anos, que entregava folhetos com informações sobre a Olimpíada e também com frases de motivação religiosa. “Venho todos os dias trazer a palavra de Deus. Não me canso, o sol não me derruba.”

A totalidade das pessoas ouvidas pela reportagem do UOL não fazia ideia de que provas se realizariam naquela manhã. “Eu vim para mostrar que aposentado não deve ficar só em casa, tem de aproveitar a vida”, disse João Xavier, de 86 anos, acompanhado pela filha e netos.

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Torcida recorre ao churrasquinho no Engenhão imagem: Luis Augusto Simon/UOL

Mesmo sem saber o que se veria, as pessoas caminhavam rapidamente para não perder nada. O economista Marcos Peixoto, que tirou uma semana de férias, o advogado Renato Antero, que aproveitou o feriado em Lorena, sua cidade, para ver a Olimpíada, os dentistas Armando e Fernanda, carregando o filho Heitor, de cinco meses e muito mais. Muita gente com a camisa do Botafogo.

A velocidade era grande, não havia tempo para a pregação de Lohan ou para alimentação. Quem sabe, no final, muitos se renderiam às delícias de um legítimo churrasquinho brasileiro.

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