Atletismo

Ao contrário de francês, Gatlin não se chateia com vaias: 'Seria imaturo'

Lucy Nicholson/Reuters
Justin Gatlin conquistou medalha de prata nos 100 m rasos da Rio-2016 imagem: Lucy Nicholson/Reuters

Luís Augusto Simon e Rodrigo Mattos

Do UOL, no Rio de Janeiro

A segunda semana da Olimpíada foi tomada pela polêmica em torno das vaias no Engenhão ao saltador com vara francês Renaud Lavillenie. Ele se chateou, a torcida vaiou mais. Só mais um atleta foi vaiado pelo estádio inteiro: o velocista Justin Gatlin. Sua reação, no entanto, foi diferente: não ficou chateado com os brasileiros.

Campeão olímpico em 2004, prata em Londres-2012 e Rio-2016 dos 100 m rasos, Gatlin foi vaiado por um estádio bem cheio antes de disputar a final dos 100 m, prova em que ficou com a prata. Enquanto isso, o público aplaudiu bastante Usain Bolt. 

O norte-americano, que já foi pego duas vezes em exames antidoping, disse que esperava respeito, mas esteve longe de criticar os brasileiros. Na verdade, ele entendeu as vaias por sido marcado como um personagem para rivalizar com Bolt. Exatamente o que ocorreu com o francês Lavillenie em relação ao brasileiro Thiago Braz.

"Seria imaturo da minha parte achar que todo brasileiro é contra mim. Querem ver um grande show, e Usain é um grande showman. Quando eu corri mano a mano (prova no Rio de Janeiro), um fã me deu uma bandeira (brasileira), eu instantaneamente prendi na minha mochila. Não tirei de lá", contou ele. "Não posso dizer que estou chateado com os fãs brasileiros. Porque sei que tenho muitos torcedores."

Os pais de Gatlin, de 70 anos, estavam no Engenhão quando ele foi vaiado. O corredor até entendeu que pode ter sido duro para eles, mas não acha que os pais se abalaram. 

Para o velocista, no final, o público percebeu o quão duro ele lutou para correr e por isso conquistou o respeito de uma parte dos brasileiros. "Porque o esporte é construído no respeito. Eu respeito meus competidores, as pessoas que pagaram o ingresso para assistir, respeito os repórteres", analisou.

Ao final, fez elogios ao público brasileiro. Disse que, mesmo que o Engenhão não tenha estado cheio o tempo inteiro, os brasileiros deram um bom show.

Durante esta quarta-feira, após as vaias ao francês, o alto-falante do Engenhando pediu algumas vezes ao público que respeitasse os competidores. Lavillenie foi vaiado até no pódio onde recebeu a prata, o que o levou a chorar. O brasileiro Thiago Braz pediu que a vaia parasse.

Eliminado dos 200 m e com uma contusão no tornozelo, Gatlin tenta se recuperar para voltar para o Engenhão para a final do revezamento 4x100 m, na sexta-feira.  

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