Ginástica surpreende e se torna um dos carros-chefes do Brasil nos Jogos
Detentora de apenas um pódio em sua história até 2016, a ginástica brasileira teve um desempenho surpreendente na Olimpíada do Rio: acabou com três medalhas, mesmo número do vitorioso judô. Foi uma das poucas modalidades que ultrapassou a meta a que se propôs graças a um resultado improvável: o duplo pódio de Diego Hypólito e Arthur Nory.
A Confederação Brasileira de Ginástica tem, entre as suas explicações para esse desempenho, um investimento superior a outros ciclos, um planejamento detalhado para o masculino, um ginásio com equipamentos renovados e a ascensão de alguns atletas.
"Dentro do que a gente planejou, houve uma medalha a mais. A real possibilidade era de duas, e sete finais no total. A gente pegou sete finais, e pegou duas medalhas e mais uma", contou o coordenador da confederação, Leonardo Finco. "Ciclo Londres-2012 foi 13ª posição (masculino). Acabamos com a 6ª posição no Rio".
Ele ressalta que o trabalho foi feito com uma base maior de atletas que depois foi cortada até chegar ao grupo final. Esse trabalho será repensado para Tóquio-2020 porque o tamanho da equipe pode mudar: pode ser que sejam apenas quatro atletas no time com novas regras, e mais dois ginastas especialistas.
Finco não gosta de comparar o resultado do masculino e feminino, mas reconhece a superioridade do primeiro por ter mais ginastas de alto nível nesta Olimpíada. Mas espera bons resultados no feminino em 2020 com uma equipe mais madura.
"Para mim, é difícil comparar. Os dois esportes são bastante distintos. Acredito que o feminino está se renovando. Vão crescer para o próximo ciclo", descreveu ele. Rebeca Andrade e Flavia Saraiva disputaram sua primeira Olimpíada e têm grandes chances de estar em Tóquio-2020.
No caso do masculino, Diego Hypolito tem as portas abertas para ficar, segundo Fico. O ginasta já mostrou intenção de disputar em 2020, assim como Arthur Zanetti. Todos repetem que esperam a continuidade do investimento para a modalidade crescer, mas há uma incógnita com a crise do país já que a maior parte do dinheiro é federal.
"Espero que continue (investimento). A gente não sabe o que vai acontecer depois desse ano. Espero que não diminua o investimento", contou Arthur Zanetti.
Finco admitiu que ainda não tem muito informação sobre o dinheiro do Ministério do Esporte e de estatais: torce pela manutenção de bolsas e lei de incentivo. O ginasta Francisco Barreto ressalta a aquisição de equipamentos novos, de nível internacional. Isso só aconteceu no final do ano passado.
"Brasil já foi equipado. Esse era o maior problema. Dar dinheiro para atleta vem até em 2º plano. O mais importante era ter as condições para treinar", contou ele, que ficou em quinto na barra fixa.