Natação

Ian Thorpe saiu do armário e quer ajudar outros gays a também saírem

Divulgação/Adidas
Ian Thorpe, maior atleta olímpico da Austrália, visita o Rio de Janeiro para acompanhar as Olimpíadas imagem: Divulgação/Adidas

Adriano Wilkson

Do UOL, no Rio de Janeiro

O maior atleta olímpico da história da Austrália acredita que ter assumido sua orientação sexual há dois anos pode ajudar outros jovens gay a também saírem do armário.

Ian Thorpe, dono de oito medalhas olímpicas na natação (cinco de ouro), está no Rio de Janeiro para acompanhar aquela que já está sendo chamada de “a Olímpiada mais LGBT da história”.

São cerca de 50 atletas olímpicos assumidamente gays, lésbicas, bissexuais ou intersexuais competindo no Rio. Thorpe, hoje com 33 anos, disse considerar a capital carioca uma “cidade muito simpática aos gays.”

“É mais fácil [ser gay hoje] do que no passado”, disse o nadador, que chocou o mundo ao ganhar três ouros em Sydney-2000, aos 17 anos, e recebeu o status de fenômeno das piscinas. Thorpe sempre teve que conviver com perguntas sobre sua sexualidade e sempre respondeu que era hétero. Até que em uma entrevista em 2014 revelou que, na verdade, sempre tinha sido gay.

“Mas você tem que ver quantos atletas abertamente gays nesses Jogos são medalhistas. Eu acho que somente [o britânico] Tom Daley [dos saltos ornamentais]. Tem que haver mais que isso, e todas as probabilidades sugerem que há”, disse ele durante uma conversa na Barra da Tijuca, perto do parque olímpico.

“O Rio é uma cidade muito simpática aos gays. E eu tenho certeza que o tempo passa e a sociedade começa a aceitar que isso é uma parte normal da vida, você encontrar alguém por quem se apaixona, e isso vai se tornando cada vez mesmo uma questão polêmica.”

O ex-nadador não se considera totalmente um ativista da causa LGBT, mas disse que o fato de ter saído do armário pode torná-lo um exemplo para outras pessoas que estejam em dúvida se deveriam ou não se assumir.

“Eu acho que a minha história pode ajudar outras pessoas gays”, disse o australiano. “Isso é uma coisa que eu não tinha me tocado antes. Que parte de sair do armário é se tornar um exemplo para que outras pessoas também saiam. Ninguém tinha me explicado isso antes. E agora que eu entendi isso, eu realmente espero que as pessoas sejam mais tolerantes em relação às diferenças entre nós.”

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Depressão e combate ao bullying

Depois de ter abandonado a carreira precocemente aos 24 anos, ele revelou também que sofreu depressão. Aposentado das piscinas, sem exibir mais o corpo atlético de um nadador de ponta, Thorpe se engajou em outra causa: combater a cultura do bullying que impera nas escolas da Austrália. Há alguns meses, ele produz uma série de programas de TV sobre o assunto e tenta conscientizar adolescentes sobre a questão.

“Não queremos culpar os valentões pelo que eles fazem, mas tentar entender as razões pelas quais isso acontece”, explicou Thorpe, que disse não ter sofrido tanto bullying na infância “porque eu sempre fui uma das maiores crianças da escola.”  

“É importante também alertar as pessoas que ficam por perto e não fazem nada, mostrar o que elas podem dizer ou fazer”, disse ele.

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