Na Rio-2016, cavalo do Rei do Marrocos já recebeu proposta de R$ 50 mi
Chamou a atenção do público um cavalo que, entre um obstáculo e outro, durante a prova de saltos do hipismo, na terça-feira (16), dava coices no ar. E ainda assim conseguia recompor-se a tempo para vencer todas as barreiras do percurso da prova disputada no centro de hipismo de Deodoro, na Zona Oeste do Rio-2016.
“Em casa ele não se comporta assim, ele gosta de se exibir para o público, sinal de que está cheio de energia”, explicou Abdelkebir Ouddar, cavaleiro que montou Quickly de Kreisker, o cavalo em questão, na terça-feira.
Ele é de propriedade do rei Mohammed VI, o Rei do Marrocos. E ele só disputa os Jogos do Rio-16 porque a majestade recusou uma proposta de US$ 16 milhões (mais de R$ 51 milhões) da realeza do Qatar. Sorte de Ouddar, que foi adotado pela família de Mohammed IV quando ainda era uma criança pobre a jogar futebol nas ruas de Marrakesh, a mais importante cidade do Marrocos. Aos 8 anos de idade, quando a família real o escolheu para educá-lo e tratá-lo como um integrante da coroa, Ouddar temia cavalos. Tinha medo, fugia ao vê-los e montá-los era impensável.
Mas a coroa marroquina é apaixonada por cavalos. É dona de alguns dos mais caros do mundo, que disputam os mais variados tipos de competição na Europa. As filhas do rei trabalharam essa fobia com Ouddar até ele trocar o medo pela paixão incondicional.
“Foi só começar a montar que fui me apaixonando. Hoje eu tenho a certeza de que meu último suspiro em vida será sobre um cavalo, tamanho é meu desejo de me manter perto deles”, disse ao UOL Esporte o atleta marroquino.
O rei mandou o cavaleiro para França para tomar aulas com o brasileiro Nelson Pessoa, pai do campeão olímpico de saltos, Rodrigo Pessoa, e também ex-atleta olímpico. “O Rei Mohammed VI coloca tudo à minha disposição: bilhetes de primeira classe e tudo que eu precisar. Tenho muita sorte, posso dizer que eu sou tratado como um rei”, afirmou Ouddar no ano passado, antes de iniciar-se na disputa pelo Longine Global Tour, um dos mais fortes e premiados circuitos internacionais do esporte equestre.
Ele é o primeiro atleta olímpico do Marrocos no hipismo. Foi o porta-bandeira do país na cerimônia de abertura em 5 de agosto. Porém, em Deodoro, não se viu uma boa apresentação do cavalo milionário do Rei Mohammed IV com Abdelkebir Ouddar. “O design da pista de salto aqui do Rio-2016 é incrível, mas ela foi desenhada para ser difícil em diversos pontos, não apenas em um ou dois pontos. Não estou criticando, é só uma observação, essa dificuldade é normal, afinal estamos nos Jogos Olímpicos”, disse o cavaleiro. Dos 60 competidores, ele não conseguiu figurar entre os 45 que avançaram para a semifinal da prova individual dos saltos, e está eliminado.