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Vôlei do Brasil teve reuniões para "discutir relação" antes de bater França

REUTERS/Edgard Garrido
Brasileiros vibram em partida contra a França imagem: REUTERS/Edgard Garrido

Guilherme Costa e Leandro Carneiro

Do UOL, no Rio de Janeiro

A seleção brasileira de vôlei masculino estava pressionada. Jogando em casa, havia somado duas derrotas em quatro partidas e corria risco de ser eliminada ainda na fase de grupos da Rio-2016. A virada foi consolidada na última segunda-feira (15), quando os anfitriões bateram a França por 3 sets a 1 no Maracanãzinho e avançaram às quartas de final. O início dessa reação, contudo, aconteceu bem longe da quadra. Depois do revés diante da Itália, no sábado (13), o grupo fez duas reuniões na Vila dos Atletas a fim de discutir a relação e distribuir cobranças.

Em um dos encontros, o técnico Bernardinho conversou com os jogadores. Foi assertivo, segundo relatos de dois deles, mas evitou elevar o tom das cobranças. Preferiu exaltar o quanto aquele time havia treinado antes de chegar aos Jogos Olímpicos e como isso mostrava que o grupo merecia a classificação às quartas de final. “Ele foi muito positivo e muito lúcido. O tempo vai ensinando”, contou o levantador Bruninho, 30, capitão da equipe nacional.

A outra reunião foi realizada apenas com os atletas. Bruninho, por ser capitão, foi o primeiro a falar. Serginho, 40, também discursou. A reação do grupo foi imediata – segundo um dos atletas, houve quem tenha caído no choro depois da atividade com o grupo.

“Foi incrível. A vontade era de entrar na quadra na hora. Todo mundo saiu dali com sangue nos olhos”, disse Bruninho. “Conversamos. Vimos que tinha de mudar o jeito que estava. Não estava mais funcionando. O Sérgio, o Bruno e o Xupita (Lipe) falaram que não dava para ser mais mansinho. O time mudou a postura, e isso deu certo”, completou o oposto Wallace, 29.

No bate-papo entre os atletas, houve cobranças sobre o nível de entrega dos jogadores nas partidas das Olimpíadas. Contra a França, ao menos três episódios simbolizaram uma alteração nesse panorama: um abraço de Serginho e do ponteiro Lipe depois de um bloqueio no primeiro set, uma conversa entre o levantador William e o central Lucão depois de uma bola ter passado pelo bloqueio e uma cobrança forte de Lipe em Lucarelli na quarta parcial.

A torcida que estava no Maracanãzinho “comprou” a mudança. Sobretudo do meio para o fim, o público foi participativo e chamou atenção pelo nível de barulho no ginásio. Depois de a vitória ter sido confirmada, Bruninho chegou a pegar o microfone da animadora de público e agradeceu.

Os jogadores também fizeram mais uma reunião – no centro da quadra, dessa vez. Abraçados, com presença de membros da comissão técnica, repetiram o mantra do merecimento e do quanto isso influenciou contra a França.

“O mais interessante é que nos reunimos ali. Não partiu nem de mim; partiu deles. Falamos de preparação, de atitude e de como temos de encarar as 45 horas que nos separam da próxima partida. É mais uma decisão, e nós não queremos parar aqui”, contou Bernardinho.

O Brasil ficou com a quarta vaga de seu grupo na próxima fase dos Jogos Olímpicos. Com isso, enfrentará na fase seguinte a Argentina, líder da outra chave.

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