! "Na Laser, encerro meu ciclo olímpico", diz Scheidt após 4º lugar - 16/08/2016 - UOL Olimpíadas

Vela

"Na Laser, encerro meu ciclo olímpico", diz Scheidt após 4º lugar

Bruno Doro

Do UOL, no Rio de Janeiro

Os Jogos Olímpicos podem ter perdido Robert Scheidt nesta terça-feira. O brasileiro encerrou a disputa da classe Laser na Rio-2016 na quarta colocação. A sonhada sexta medalha olímpica de sua carreira, que seria um recorde para a vela e para o esporte olímpico brasileiro, não veio. Foi sua última regata no barco que o levou a dois títulos olímpicos, em Atlanta-1996 e Atenas-2004.

"Encerro hoje meu ciclo olímpico na Laser. Foram muitos anos. Ninguém velejou mais de laser do que eu nesse mundo. E minha primeira Olimpíada foi há 20 anos", disse o velejador. "Muita gente duvidava que eu, com 43 anos, pudesse ser competitivo. E mostrei nessa semana que dava. Faltou pouco", lamentou.

Scheidt chegou ao último dia de disputas dez pontos atrás da medalha de bronze. Precisava vencer e esperar que o neozelandês Sam Meech ficasse em sexto lugar. Ele terminou em quarto. "Eu venci muitas regatas na minha vida. Hoje, estava olhando para trás. Estava muito mais preocupado com o neozelandês do que em vencer a prova. No momento em que me distanciei um pouco dos adversários, pensei: poxa, ótimo, vou ganhar essa regata. Mas vai resolver alguma coisa?"

Não resolveu. Meech ficou com a medalha de bronze com 85 pontos perdidos. O brasileiro somou 89. Para quem já ganhou 176 campeonatos na carreira e tem 11 títulos mundiais só da classe Laser, faltou alguma coisa. Mas, aos 43 anos, encarando atletas com metade de sua idade em um barco que exigia muito do físico e do qual ficou afastado por quase dez anos, foi uma conquista e tanto acabar entre os quatro melhores do planeta.

"Tecnicamente e fisicamente, eu não devia nada para os três medalhistas [o australiano Tom Burton foi ouro e o croata Tonci Stipanovic, prata]. Foi um pouco de inconsistência, alguns resultados que causaram essa não vinda da medalha", analisou. "Agora é fácil olhar para trás e pensar nos pequenos erros que você cometeu. Os pontos bobos aqui e ali que você perdeu e a diferença que isso faria. Mas assim é o esporte".

Apesar da despedida do Laser, Scheidt evitou confirmar que esta tenha sido sua despedida olímpica. "Já me fizeram muito essa pergunta [sobre sua última Olimpíada]. Precisa esperar um pouco o tempo passar. Essa adrenalina da Olimpíada consome muito. Eu não pensei nem um segundo ainda sobre os próximos Jogos Olímpicos. Na Laser, vamos aguardar a nova geração do Brasil assumir essa posição. Está na hora de aparecer alguém para assumir esse legado no Brasil".

Mas em uma outra classe? "Vamos ver. Depende de uma série de fatores".

A presença de um velejador de 47 anos, idade que Scheidt terá em 2020, nos Jogos de Tóquio não é provável. Em 2013, a Isaf (Federação Internacional de Vela) já avisou que as classes olímpicas no Japão serão as mesmas do Rio de Janeiro. O problema é que a maioria dos barcos olímpicos atualmente são voltados para atletas mais jovens. A Star, classe mais tecnológica em que se veleja em duplas, na qual o brasileiro foi duas vezes medalhista olímpico e que aceita velejadores mais experientes, já foi descartada.

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