! Isaquias quer mostrar medalha a governantes e critica falta de incentivo - 16/08/2016 - UOL Olimpíadas

Canoagem

Isaquias quer mostrar medalha a governantes e critica falta de incentivo

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

Após ter conquistado o primeiro pódio olímpico da história do Brasil na canoagem, Isaquias Queiroz, 22, aproveitou para incutir um contexto político em seu discurso de comemoração. Forjado como atleta em um projeto social desenvolvido na Bahia, o canoísta pediu que sua medalha seja exibida a governantes e cobrou mais incentivo ao esporte no país.

“Se vocês puderem, tirem fotos e mostrem para os governantes do Brasil e para quem está no Planalto para que eles parem de brigar. Precisamos investir mais no esporte, e um país é feito de atletas. Vejam o que acontece nos Estados Unidos. Para mudar é preciso ter investimento do governo, e eu espero que o meu resultado, assim como o da Rafaela e outros, possa abrir os olhos da sociedade”, disse Isaquias.

Isaquias descobriu o esporte em um projeto chamado Segundo tempo, gerenciado pela Associação Cacaueira de Canoagem e bancado pelo Ministério do Esporte. O medalhista olímpico tinha 11 anos na época - os irmãos dele também participaram da iniciativa.

Dez meses depois, contudo, o projeto foi extinto pelo Ministério por falta de prestação de contas. Nessa época, o talento de Isaquias já havia chamado atenção e já tinha garantido sequência a ele no esporte.

Em 2013, após ter sido campeão mundial de canoagem na categoria C1 500, Isaquias fez um desabafo contundente na rede social Facebook. Contou parte de sua história no esporte e criticou a CBCA (Confederação Brasileira de Canoagem) em função do que avaliava ser uma distribuição ruim de receitas.

"Em 2011, quando ganhei duas medalhas no Mundial júnior, meu técnico levou R$ 20 mil - R$ 10 mil por medalha. Para mim a Confederação Brasileira de Canoagem só pagou um lanche no McDonald's", relatou o brasileiro na época.

Aquele título, contudo, transformou a realidade financeira de Isaquias. O canoísta passou a receber teto da Bolsa Pódio (R$ 15 mil mensais), programa federal de incentivo a atletas com chance de medalha na Rio-2016. Ele recebe outros R$ 15 mil mensais de salário via CBCA – o dinheiro é oriundo de aporte do BNDE (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) na entidade.

A questão financeira, aliás, foi o estopim para um protesto dos atletas da canoagem de velocidade em setembro de 2015. A equipe nacional, Isaquias incluído, se recusou a participar do evento-teste da modalidade, no Rio de Janeiro, alegando problemas no repasse de verbas do BNDES e veto a patrocinadores e contratos pessoais.

Na época, como a CBCA tinha dificuldade para receber do BNDES por não conseguir apresentar certidões negativas de débito, o COB (Comitê Olímpico do Brasil) chegou a assumir o custeio de parte dos salários dos atletas.

A medalha obtida nesta terça-feira pode ser a primeira de Isaquias na Rio-2016. O canoísta brasileiro disputará ainda as categorias C2- 1000m e C1- 200 m e quer ser o primeiro brasileiro a conquistar três medalhas na mesma edição de Jogos Olímpicos.

"Fiquei muito feliz por ter ganhado a medalha e por ter ficado só atrás desse monstro, que é o Sebastian Brendle [bicampeão olímpico]. Tenho muita admiração por ele. Ainda tenho duas provas a fazer e vim aqui com objetivo de ganhar três medalhas. Uma eu já ganhei, uma eu estou treinando e outra eu estou treinando muito com o Erlon. Acho que podemos conseguir bons resultados", afirmou.

Veja como foi a final em que Isaquias levou prata

Topo