! Arthur Nory só treinou duas vezes o salto que rendeu medalha na Rio-2016 - 15/08/2016 - UOL Olimpíadas

Ginástica

Arthur Nory só treinou duas vezes o salto que rendeu medalha na Rio-2016

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

O brasileiro Arthur Nory, 22, teve uma constatação fundamental após ter disputado a final do individual geral da ginástica artística na Rio-2016 na última quarta-feira (10). Logo após a competição, interpelou o técnico Cristiano Albino, com quem trabalha desde que começou na modalidade, e foi uma conversa franca: com a série que havia programado, não tinha chance de pódio na decisão do solo. Em quatro dias, o ginasta e seu treinador tiveram de reconstruir a sequência de movimentos. Para isso, encaixaram um elemento que Nory conseguiu executar apenas duas vezes antes de conquistar a medalha de bronze dos Jogos Olímpicos.

“A única chance era aumentar a nota de partida”, relatou Albino. “Nós dois chegamos a essa conclusão, e então decidimos arriscar. Passamos um tempo pensando e chegamos a três possíveis soluções. Descartamos as duas primeiras por serem menos confiáveis, e então escolhemos a terceira”, completou.

Nory teve apenas um dia para treinar a nova série. Completou com sucesso apenas duas vezes o elemento novo, que se chama Kolivarov, um duplo mortal com duas piruetas na posição carpada. O ginasta já não executava esse salto havia pelo menos dois anos, e a série com ele foi algo inédito para o brasileiro.

“Fui para o tudo ou nada. Conversei com meu técnico depois do individual geral e pensamos no que era possível para brigar por uma medalha. A saída foi essa nota de partida mais alta”, relatou Nory.

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Albino chegou a cogitar uma série ainda mais dura, com nota de partida um décimo mais alta. Só abortou o plano porque Nory não teve tempo de treinar essa sequência antes da final do solo, realizada neste domingo (14).

Um dos motivos para isso é que Nory precisou ser convencido por Albino a dar atenção ao solo. O ginasta entendia que sua maior chance de medalha na Rio-2016 estava nas barras, e por isso pretendia concentrar seu trabalho apenas nesse aparelho.

“Eu sempre perturbei o Arthur para fazer solo. Sempre perturbei. Mas ele sentia muito os joelhos quando fazia saltos e piruetas, e por isso nós precisamos montar um cronograma todo especial. A cada três passos que dávamos para frente, tínhamos de dar dois para trás”, contou Albino.

“Eu briguei muito para ele fazer solo, mas briguei muito com ele por tudo. Não sei nem como ele continuou comigo. Ultimamente eu deixei de brigar. Tenho procurado outro jeito de lidar com ele”, encerrou.

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