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Lutador promete dedicar ouro na Rio-2016 a acusado de ter matado sua irmã

Yuri CORTEZ/AFP
Yoel Segundo Finol, boxeador venezuelano na Rio-2016 imagem: Yuri CORTEZ/AFP

Eduardo Ohata

Do UOL, no Rio de Janeiro

“Usei as sapatilhas dele para me preparar. Pena que se estragaram”, disse, empolgado, à reportagem do UOL, o venezuelano Yoel Segundo Finol, 19. “Cada luta que faço aqui na Olimpíada, ele está presente. Treinei com ele, se ganhar medalha, vou dedica-la a meu avô, minha irmã e a ele.”

"Ele", no caso, é o ex-campeão mundial profissional Edwin Valero, cunhado de Yoel, que foi levado à prisão sob a acusação de ter assassinado a irmã de Yoel, Jennifer. Logo depois, Valero foi encontrado enforcado em sua cela. Teria se suicidado.

“Passados seis anos, ninguém sabe com certeza o que aconteceu”, argumenta o jovem pugilista, ao ser questionado por qual motivo ele venera aquele que é acusado de ter assassinado sua irmã. Além de incertezas sobre quem matou sua irmã, Yoel tem dúvidas se o cunhado se suicidou ou se foi morto na prisão.

Apesar da morte do “El Inca”, como era apelidado Edwin Valero, e as condições polêmicas que levaram à sua morte, a ligação de Yoel com o ex-lutador é grande.

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“Estou na Olimpíada por causa dele. Comecei incentivado por ‘El Inca’, fazíamos sparring [treino com luvas], participei da preparação para sua antepenúltima luta. Ele motivava, falava para eu treinar, dizia que quando virasse profissional gerenciaria minha carreira”, lembra, com um sorriso nos lábios, o medalha de bronze no Pan de Toronto-2015.

Yoel tampouco esqueceu da irmã. “Ela foi mãe de meus dois sobrinhos. Fiz uma tatuagem na perna em homenagem a ela, com seu nome, data de nascimento e morte”, explica Yoel, ao exibir a tatuagem.

O jovem pugilista venceu Leonel Nunez, da República Dominicana, em sua estreia na Rio-2016. Membros da delegação venezuelana afirmam que a “cabeça” de Yoel é melhor do que a de Valero. A carreira do “El Inca”, que venceu todas as suas 27 lutas por nocaute, foi marcada por polêmicas. 

Ao ser proibido de bordar o nome de Hugo Chavez em seu calção em uma luta no exterior, tatuou o rosto do ex-presidente no peito. Também foi proibido de lutar nos EUA, por um bom tempo, porque um exame no cérebro apontou anomalia. Após ganhar a chance de lutar nos EUA, foi lançado como potencial de rival de Manny “Pacman” Pacquiao, porém a luta não se concretizou.

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