Vôlei

Com histórico polêmico, Brasil pode depender da Itália para evitar vexame

Marcelo del Pozo/Reuters
Bernardinho observa o desempenho do Brasil contra o México na primeira partida da Rio-2016 imagem: Marcelo del Pozo/Reuters

Leandro Carneiro

Do UOL, no Rio de Janeiro

A situação da seleção brasileira de vôlei masculino se complicou. A equipe precisa vencer a França na segunda-feira (15) para não depender de outro resultado na busca por uma medalha olímpica. Se não conseguir passar de fase, o Brasil pode ter um dos piores resultados da história do vôlei masculino em Jogos Olímpicos.

Caso perca para a França e o Canadá ganhe da Itália, o time verde-amarelo não conseguirá avançar às quartas de final e terminará apenas em nono lugar, fato que só ocorreu uma vez, na Cidade do México-1968.

Desde que foi criada uma segunda fase, o Brasil nunca deixou de se classificar. Nas últimas três edições, a seleção conquistou ao menos uma medalha (ouro em Atenas-2004) e prata em Pequim-2008 e Londres-2012). Antes disso, ficou em quinto e sexto em Atlanta-1996 e Sydney-2000, respectivamente.

A uma rodada do final da fase classificatória, o grupo A está completamente embolado, com apenas a Itália já classificada com seus 12 pontos. Brasil, França, Canadá e EUA estão todos com seis pontos e ainda têm chances de passar de fase.

Brasil perde para Itália e se complica

O jogo entre brasileiros e franceses é apenas o último da rodada de segunda-feira, às 22h35, e o time de Bernardinho entrará em quadra já sabendo do que precisa fazer para não passar por um vexame histórico. Se a Itália tiver vencido o Canadá por 3 sets a 0 ou 3 a 1, bastará ao Brasil para se classificar ter uma vitória simples sobre a França ou até perder por 3 sets a 2, independentemente de quem tenha vencido o confronto entre Estados Unidos e México. Se os italianos vencerem por 3 a 2, aí o Brasil precisará só ganhar para avançar. Se Canadá e EUA vencerem, não restará ao Brasil nenhuma alternativa a não ser vencer.

O problema mora em depender da Itália. Classificada com antecedência, a seleção não tem grande interesse no duelo, e o próprio treinador já cogitou poupar alguns atletas. “Precisamos ver quem está em condição, essa é a primeira coisa. A partida inclui a conservação da condição física e energia, isso será a coisa prioritária. Veremos domingo como estão todos, consultar os médicos. Mas é muito cedo, vamos ver como eles estão antes do jogo e veremos a evolução para o próximo jogo”, disse Gianlorenzo Blegini, técnico italiano.

Além do fato de a Itália já estar classificada, pesa contra o Brasil também o histórico de polêmicas envolvendo brasileiros e italianos. A rivalidade acirrou ainda mais nos últimos anos e os italianos praticamente não tem motivos para querer ajudar a seleção brasileira. 

O episódio que aflorou os ânimos entre as duas equipes aconteceu no Mundial de 2010, realizado em solo italiano. Na ocasião, o técnico Bernardinho e a equipe criticaram abertamente a composição das chaves, que teria facilitado a vida da equipe da casa na primeira fase.

Em determinado momento da competição, o Brasil se viu com a possibilidade de poder perder um duelo contra a Bulgária e cair em uma chave mais fraca na fase seguinte da competição. Sem poder contar com Bruninho e Marlon, o técnico Bernardinho escalou o oposto Théo como levantador. A torcida italiana que assistia à partida no ginásio começou a vaiar a equipe brasileira e aos gritos de palhaçada insinuou que o Brasil "entregou" o jogo de propósito. Na sequência da competição, a seleção venceu a Itália na semifinal e acabou levando o título sobre Cuba. Em 2015, em seu livro, o ponteiro Giba, que fazia parte daquele grupo, chegou a falar que o Brasil perdeu o jogo contra os búlgaros de propósito.

Bernardinho até foi questionado sobre a possibilidade da Itália não se esforçar contra o Canadá, mas disse que a preocupação precisa ser outra.

“Não é questão feita para mim (se a Itália vai entregar). Não entro nesse mérito. Quando mudei time na Liga Mundial, a televisão me criticou e ganhamos a partida. Tem de ver a estratégia deles. Temos de jogar nosso jogo. Não cabe a mim, julgar. Tenho de recuperá-los para jogar contra a França”, afirmou o treinador.

 

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