! Mayra e Rafaela não prestam continência por receio de represália - 12/08/2016 - UOL Olimpíadas

Judô

Mayra e Rafaela não prestam continência por receio de represália

Bruno Doro e Luiza Oliveira

Do UOL, no Rio de Janeiro

As três medalhas que o judô brasileiro ganhou nos Jogos do Rio de Janeiro foram conquistadas por atletas militares. A campeã olímpica dos leves, Rafaela Silva, e a medalhista de bronze dos meio-pesados, Mayra Aguiar, são sargentos da marinha. Quando subiram ao pódio, porém, ambas não prestaram continência à bandeira e disseram temer represálias pelo gesto - nesta sexta-feira, Rafael Silva quebrou essa sequência e fez o gesto depois de levar o bronze entre os pesados.

“Foi passado para a gente [não prestar continência]. Veio de cima a ordem então acabei que não fiz”, explicou Mayra. “Mas com certeza vou lá na Marinha. Sou sargento. Eles nos apoiaram demais, fizeram muito parte da nossa história e das nossas vitórias. Com certeza merecem esse prestígio, a gente vai lá com certeza", completou.

Rafaela, que subiu ao pódio dois dias antes, também não fez o gesto. “Eles têm regras que mudam bastante. Antes, não podia nem fazer o sinal da cruz que você seria desclassificado. Para não correr o risco de perder minha medalha, eu continuei com minha mão no lugar”, falou a campeã.

Procurada pela reportagem, a CBJ (Confederação Brasileira de Judô) explicou que não existe nenhuma diretriz interna para que os atletas não prestem continência no pódio. O COB (Comitê Olímpico do Brasil) também liberou o gesto.

Segundo Marcus Vinícius Freire, diretor-executivo do COB, a continência não quebra a regra que proíbe manifestações políticas ou religiosas em pódio. "O atleta pode expressar seu respeito à bandeira do país de várias formas diferentes, pode levar a mão ao peito, prestar continência, isso não representa uma manifestação política", disse Freire.

Primeiro medalhista brasileiro, Felipe Wu é atleta-militar. Ao subir ao pódio, ele prestou continência. O atirador não foi punido. Em julho, o COI disse, em nota enviada por e-mail à agência Reuters, que "sempre faz uma avaliação caso a caso, com uma abordagem sensata, com relação a gestos como as continências militares".

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