Olimpíadas 2016

Estreante de 62 anos. Conheça a história da atleta mais velha da Rio-2016

Tony Gentile/Reuters
Julie Brougham, atleta do hipismo da Nova Zelândia, nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro imagem: Tony Gentile/Reuters

Daniel Brito

Do UOL, no Rio de Janeiro

Julie Brougham é a atleta mais velha dos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Ela nasceu há 62 anos na Nova Zelândia e disputa, pela primeira vez na carreira, a Olimpíada. É apenas a quarta pessoa da história da Nova Zelândia a representar o país na prova de adestramento dentro das competições de hipismo.

Ao se tornar uma atleta olímpica, Julie lembrou-se da aposta que fez com um irmão, mais de cinco décadas atrás. “Eu tinha 10 anos de idade, meu irmão achava uma ideia tola pensar que um dia eu seria uma atleta olímpica, então fizemos uma aposta. Eu queria colocar US$ 10 de que eu chegaria às Olimpíadas no hipismo. Ele colocou US$ 5, porque ele é pão-duro. Bom, veja só, eu ganhei”, conta, entre risadas.

O pitoresco nesta história é que Julie tem idade para ser avó - ou até bisavó - da atleta mais jovem das provas de hipismo no Rio-2016. E esta, a mais jovem, vem a ser brasileira: Giovanna Pass, de apenas 18 anos. Ou seja, o adestramento é uma prova tão longeva para os montadores que é possível uma adolescente disputar, por igual, um lugar ao pódio com alguém quase 50 anos mais velho.

“Se eu tivesse a idade da Giovanna, com certeza não teria a esperança que ela teve para disputar os Jogos Olímpicos”, afirmou Julie. “Até porque, na Nova Zelândia, o adestramento é mais como uma diversão do que como uma profissão. Eu tento encarar da maneira mais profissional possível”, justificou a neozelandesa.

Ela se tornou a mais velha de toda a Olimpíada porque outro cavaleiro, o japonês Hiroshi Hoketsu, aos 75 anos, teve de desistir da Rio-2016 porque sua égua se machucou. No caso de Julie, foi exatamente o contrário. Há três anos, ela viu os Jogos Olímpicos no horizonte e passou a dedicar a vida a tentar se classificar.

“Ocorreu de , pela primeira vez na vida, ter seis dígitos e comprei este cavalo que está comigo hoje. Com os amigos, após alguns meses de treinamento, alguém me disse: ‘Você tem um cavalo olímpico. Não deixe escapar’. Foi o que fiz e, bom, aqui estou”.

Ela se disse impressionada com a grandiosidade do Brasil. Espera conhecer as cataratas do Iguaçu, na triplíce fronteira com Paraguai e Argentina. De fala mansa e gestos lentos, Julie relata que não se importa em ser a mais velha dos Jogos. E nem tampouco os jovens estão preocupados com ela. “Não acho que os atletas se importem com essa questão de mais velho ou mais novo”, minimizou a amazona.

A neozelandesa também lamentou o noticiário em torno da Rio-2016. Segundo ela, muitas amigas deixaram de vir ao país por medo do noticiário pré-Jogos. “Todo dia, a gente só encontrava notícias pouco agradáveis. Conheço algumas pessoas que evitaram competir aqui. Mas os que vieram, e veio  muita gente boa, como Mark Todd [técnico do CCE do Brasil], é só elogios para a organização."

Sobre a aposta feita há mais de 50 anos, ela afirma que o irmão a acompanha na viagem ao Rio. “E ele trouxe os US$ 5 para pagar a aposta. Só que com a inflação de lá para cá, ele deveria me pagar US$ 5 mil, isso sim”, apontou, rindo.

Julie apresentou-se na quarta-feira e terminou na 44ª colocação no adestramento, apenas três posições à frente da brasileira Giovana, que ficou em 47º.

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