Judô

Atualizada em 12.08.2016 18h03

Francês aumenta ainda mais sua invencibilidade e é ouro na Rio-2016

AFP PHOTO / MIGUEL MEDINA
Teddy Riner comemora a conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012 imagem: AFP PHOTO / MIGUEL MEDINA

Bruno Doro

Do UOL, no Rio de Janeiro

Não foi desta vez que alguém quebrou a invencibilidade de Teddy Riner nos tatames. Na Rio-2016, o francês teve na disputa do ouro o japonês Hisayoshi Harasawa, nada que o ameaçasse. Venceu com a vantagem de ter levado apenas um shido, contra dois do rival. 

A última vez que o francês Teddy Riner, que bateu o brasileiro Rafael Silva nesta sexta-feira (12) nas quartas de final dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, perdeu foi em 13 de setembro de 2010. Na final da categoria absoluto do Mundial de Tóquio, ele foi derrotado para o japonês Daiki Kamikawa nas bandeiras.

Pouca gente concordou com aquele resultado. Cinco meses depois daquela luta, Riner encontrou o mesmo rival na final do Grand Slam de Paris. Venceu por imobilização e, antes mesmo de fazer a reverência ao rival, ficou parado em frente ao placar para mostrar que tinha vencido.

Aquela derrota foi marcante para o francês. Desde então, são quase 98 lutas sem derrota. Quase seis anos. Ele já soma oito títulos mundiais e pode ser, no Rio de Janeiro, bicampeão olímpico. É verdade que, no Rio, ele foi ameaçado. Na semifinal, o israelense Or Sasson o derrubou. Sem pontuação. Riner, porém, venceu, por wazari, nos últimos segundos de luta.

Aos 27 anos, já é considerado por especialistas o maior da história da modalidade. Mas qual o segredo?

“É claro que todo mundo que o vê percebe o tamanho. Ele é muito alto e muito forte. Domina os rivais assim. Mas ele também é muito tático. Essa invencibilidade tem muito mais a ver com a inteligência dele do que com o corpo”, explica Geraldo Bernardes, técnico da seleção brasileira em quatro edições dos Jogos Olímpicos e treinador da campeã olímpica Rafaela Silva e do medalhista de bronze em 2004 Flávio Canto. “Você pode perceber. Ele não faz nada que não tenha um objetivo. Quando está em vantagem, não vai até o adversário. Fica parado esperando que ele se aproxime. Só com isso, ganha quatro, cinco segundos. Isso não é por acaso”, completa.

Luciano Correa, brasileiro campeão mundial em 2007, concorda. “É um atleta muito forte fisicamente, que evoluiu muito a parte técnica e psicológica. Ele está acostumado a decidir e vencer. Mas o que mais chama atenção é sua humildade. Ele tem oito títulos mundiais e não desrespeita ninguém. Chega preparado para cada um que pode enfrentar. Ninguém fica invicto por tanto tempo à toa”, fala o judoca. “Olhe o que ele fez na luta contra o Rafael Silva. Ele estudou muito o brasileiro. Não deixou, em nenhum momento, que o Baby segurasse sua mão esquerda. Com isso, ele evita levar o principal golpe do rival, o soto-makikomi. A grande diferença é essa humildade, ter os dois pés no chão”.

Na França, ele criou problemas para outros judocas. Cyrille Maret, por exemplo. Medalhista de bronze na quinta-feira no Rio, admitiu que, não fosse por Riner, estaria nos pesos pesados há muito tempo. “Treinar com ele é como se eu pegasse um ligeiro, com a metade do meu peso, e o jogasse de um lado para o outro. Ele faz isso comigo. E eu treino com mais de 100 kg”, diz o lutador. “Se ele não estivesse por aí, eu já teria subido de categoria. Mas todos nós sonhamos com Mundiais e Olimpíadas. Mais pesado, não teria essa chance”.

Em Jogos Olímpicos, sua única derrota foi em 2008, para o uzbeque Abdullo Tangriev. Naquela época, Riner já tinha os 2,04 m atuais, mas era muito mais magro. Lutava com cerca de 110 kg. Hoje, ele é uma montanha de músculos. No Rio de Janeiro, por exemplo, está ostentando mais de 140 kg. O brasileiro Rafael Silva, por exemplo, tem 155 kg.

 

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